Desenhônibus
Já falei de desenhos
em ônibus, mas agora vou tentar aprofundar a questão, colocando a visão dos
três retângulos grandes (dois dos lados e um em cima) e dois pequenos (um na
frente e outro atrás) do ônibus como desenháveis, como se fosse um quadro
ambulante gigante, para ser visto de todos os lados (menos de baixo), inclusive
de cima, dos prédios.
Ora, venho tentando
caracterizar as prefeituras municipais/urbanas como primitivas, amadorísticas,
arcaicas, coisas do passado troglodita, havendo tanto dinheiro para ganhar
prestando-lhes serviços (e, por via de conseqüência, aos povelites/nações).
Quantos desenhos há para fazer sobre a Vida (fungos, plantas, animais,
primatas) e sobre a psicologia (tudo que é humano: figuras ou psicanálises, objetivos
ou psico-sínteses, economias ou produções, sociologias ou organizações,
espaçotempos ou geo-histórias)? Milhões de fotos, uma infinidade de ônibus em
todo o planeta – como é que não viram antes? Fico tão abismado com tudo que não
fazemos! É completamente assustadora a nossa fragilidade.
Pois pense só nos
milhares de quadros de autores famosos e nem tanto, solenes desconhecidos;
fotos de prédios; poemas e pedaços de livros; fotos de praias e papéis de
parede às dezenas de milhões; receitas; propagandas governempresariais;
conselhos; uma infinidade de coisas. Mapas urbanos e suburbanos. Festas. Enfim,
é de não acabar nunca, realmente ilimitado.
Agora, há os
tecnartistas, os que podem se envolver com essas questões seja a raso seja a
fundo, quer dizer, superficial ou mecanicamente, ou profunda e
interessadamente. Imaginando que são de 200 a 300 mil municípios e dois ou três
milhões de bairros e distritos, pensando em todos os ônibus que servem essa
gente, 20 % de ricos e médios-altos (proprietários das linhas e dos veículos),
é muita gente, muitos ônibus, uma avaliação mais ou menos completa deveria ser
feita. Primeiro começar o negócio e quando todos convergirem em funil vender
material para quem entrar na primeira onda; a seguir passar à terceira onda, de
ensinar sobre como fazer, disseminar no mundo inteiro; depois treinar
tecnartistas na quarta onda e assim por diante. Sempre que alguém der um passo
estaremos na frente. Depois há a volta, a renovação, a reiniciação do ciclo.
Vitória,
segunda-feira, 05 de abril de 2004.
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