terça-feira, 6 de junho de 2017


Desenhônibus

 

                            Já falei de desenhos em ônibus, mas agora vou tentar aprofundar a questão, colocando a visão dos três retângulos grandes (dois dos lados e um em cima) e dois pequenos (um na frente e outro atrás) do ônibus como desenháveis, como se fosse um quadro ambulante gigante, para ser visto de todos os lados (menos de baixo), inclusive de cima, dos prédios.

                            Ora, venho tentando caracterizar as prefeituras municipais/urbanas como primitivas, amadorísticas, arcaicas, coisas do passado troglodita, havendo tanto dinheiro para ganhar prestando-lhes serviços (e, por via de conseqüência, aos povelites/nações). Quantos desenhos há para fazer sobre a Vida (fungos, plantas, animais, primatas) e sobre a psicologia (tudo que é humano: figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, economias ou produções, sociologias ou organizações, espaçotempos ou geo-histórias)? Milhões de fotos, uma infinidade de ônibus em todo o planeta – como é que não viram antes? Fico tão abismado com tudo que não fazemos! É completamente assustadora a nossa fragilidade.

                            Pois pense só nos milhares de quadros de autores famosos e nem tanto, solenes desconhecidos; fotos de prédios; poemas e pedaços de livros; fotos de praias e papéis de parede às dezenas de milhões; receitas; propagandas governempresariais; conselhos; uma infinidade de coisas. Mapas urbanos e suburbanos. Festas. Enfim, é de não acabar nunca, realmente ilimitado.

                            Agora, há os tecnartistas, os que podem se envolver com essas questões seja a raso seja a fundo, quer dizer, superficial ou mecanicamente, ou profunda e interessadamente. Imaginando que são de 200 a 300 mil municípios e dois ou três milhões de bairros e distritos, pensando em todos os ônibus que servem essa gente, 20 % de ricos e médios-altos (proprietários das linhas e dos veículos), é muita gente, muitos ônibus, uma avaliação mais ou menos completa deveria ser feita. Primeiro começar o negócio e quando todos convergirem em funil vender material para quem entrar na primeira onda; a seguir passar à terceira onda, de ensinar sobre como fazer, disseminar no mundo inteiro; depois treinar tecnartistas na quarta onda e assim por diante. Sempre que alguém der um passo estaremos na frente. Depois há a volta, a renovação, a reiniciação do ciclo.

                            Vitória, segunda-feira, 05 de abril de 2004.

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