sábado, 10 de junho de 2017


A Morte do Grande Senhor

 

                            Por mais que tivesse vivido, tendo chegado em 3,75 mil a.C., eles sabiam perfeitamente que um dia morreria, mas ninguém pensava no assunto e se em algum momento a idéia vinha a alguma cabeça era rapidamente afastada, até que chegando 2,82 mil a.C. após 930 anos de vida Adão morreu. Não só faltava o Grande Pai como também a Grande Mãe, Eva. No mesmo ano Adão adoeceu e morreu, no curso daquele único ano, e Eva também. Mesmo se enviou Eva e Set na Grande Nave com pedido de socorro às portas do planeta Paraíso não obteve resposta de Deus e morreu mesmo, sem dúvida alguma.

                            Foi uma consternação geral, porque, imagine só, não é como filhos que tem a presença do pai por 20, 30, 40 ou mesmo 50 anos, e sim, para Set, 800 anos, e para os demais filhos e filhas, netos e netas, sempre muitos séculos. O mundo sapiens e mestiço-humano, então, nunca tinha vivido sem a presença dele, que nos últimos dias era o Velho Senhor de Barbas Brancas (veja Livro 73). Era como se ele fosse virtualmente eterno e fosse mesmo viver para sempre, indefinidamente, mas os anos marcados por Deus chegaram e ele sucumbiu definitivamente. Foi o maior choque para Adão e o verdadeiro aprendizado, porque de eterno ele passou a mortal, desterrado, trabalhador (embora ao modo atlante), doente e morto. Que golpe genial no orgulho! A morte é o que mantém tudo sob trela, perfeitamente ajustado, pois senão seria um desastre geral, com milhões de demonstrações de orgulho de várias alturas, larguras e profundidades.

                            Por mais que os da Casa tentassem ocultar durante um tempo, tiveram de anunciar e então, certo dia que parecia como os outros quaisquer, veio da Casa Celestial o anúncio terrível, gerando dor, pavor, medo pânico: o Grande Senhor morreu. Os servos rolavam no chão, batiam nas paredes, se matavam, se jogavam no precipício, ateavam fogo às vestes, afogavam-se de puro desespero, embora os atlantes procurassem evitar. O medo e a desolação foram se espalhando em ondas a partir da Tróia Olímpica, caminhando pelo mundo na velocidade dos cavalos, dos corredores ou, para os celestiais distantes, através dos comunicadores, criando então novas ondas que embatiam com as primeiras, a partir dos novos centros irradiadores situados a milhares de quilômetros.

                            O planeta inteiro escureceu em prantos, parecia que tudo ia desabar. Mas os dias passam e depois de décadas um mundo de cerviz dobrada reemergiu.

                            Vitória, segunda-feira, 19 de abril de 2004.

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