quarta-feira, 14 de junho de 2017


O Futuro que Nos Vê

 

                            Evidentemente o futuro não existe para nós, está por fazer. O que nos vê mesmo é o presente, mas aqui estaremos considerando que todos podem, perante algum futuro, se considerarem mortos, menos o Um, o Pai, o que realiza o salto não-finito. Por mais longevos que se tornem todos morrem, menos o Um, a linha contínua que sustenta o pluriverso.

                            Assim, quando estamos tomando nossas decisões (eu as minhas), delas partem linhas que se tornarão potencialmente infinitas, tendo começo, mas não fim. Então, para todos os efeitos, cada atitude nossa será infinitamente julgada, o que é estarrecedor. Bom para aqueles cujos atos de vida são esquecidos, que não entram na história e cujas vidas não são repetidamente estudadas. Infelizes daqueles que se projetam e se expõe. Toda felicidade seria a de passar em negro, totalmente despercebido, mas há algumas correções a fazer, de modo que queiram ou não alguns devem se projetar. E esses alguns ficam então cuidando que cada ato seu tenha dimensão “passável”, que passe no julgamento da posteridade-infinita.

                            Tome o quase desconhecido Pierre Chordelos de Laclos, escritor francês, 1741 a 1803, 62 anos entre datas, que por ter escrito o romance epistolar As Ligações Perigosas (acho que foi filmado com o título em português de Ligações Perigosas) entrou para sempre - embora em termos de massividade dos comentários pouco – na tela dos julgamentos. Quem pode querer algo assim, fora os tolos?

                            Se segue que o menor ato do camarada já se expande uma infinidade. Os atos de Frankenstein Jr., o Bush, serão comentados para sempre, veja que tristeza, particularmente pelos “imortais”. Pense em que você, naquilo que ficar gravado na geo-história, será motivo de comentários sucessivos por décadas, séculos, milênios, enquanto durar sua lembrança. Veja que chatice todos ficarem comentado o tempo todo os atos de Jesus. E tem gente que faz de tudo para “se projetar”!

                            Vitória, quinta-feira, 29 de abril de 2004.

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