O Futuro que Nos Vê
Evidentemente o
futuro não existe para nós, está por fazer. O que nos vê mesmo é o presente,
mas aqui estaremos considerando que todos podem, perante algum futuro, se
considerarem mortos, menos o Um, o Pai, o que realiza o salto não-finito. Por
mais longevos que se tornem todos morrem, menos o Um, a linha contínua que
sustenta o pluriverso.
Assim, quando
estamos tomando nossas decisões (eu as minhas), delas partem linhas que se
tornarão potencialmente infinitas, tendo começo, mas não fim. Então, para todos
os efeitos, cada atitude nossa será infinitamente julgada, o que é
estarrecedor. Bom para aqueles cujos atos de vida são esquecidos, que não
entram na história e cujas vidas não são repetidamente estudadas. Infelizes
daqueles que se projetam e se expõe. Toda felicidade seria a de passar em negro,
totalmente despercebido, mas há algumas correções a fazer, de modo que queiram
ou não alguns devem se projetar. E esses alguns ficam então cuidando que cada
ato seu tenha dimensão “passável”, que passe no julgamento da
posteridade-infinita.
Tome o quase
desconhecido Pierre Chordelos de Laclos, escritor francês, 1741 a 1803, 62 anos
entre datas, que por ter escrito o romance epistolar As Ligações Perigosas (acho que foi filmado com o título em
português de Ligações Perigosas)
entrou para sempre - embora em termos de massividade dos comentários pouco – na
tela dos julgamentos. Quem pode querer algo assim, fora os tolos?
Se segue que o menor
ato do camarada já se expande uma infinidade. Os atos de Frankenstein Jr., o
Bush, serão comentados para sempre, veja que tristeza, particularmente pelos
“imortais”. Pense em que você, naquilo que ficar gravado na geo-história, será
motivo de comentários sucessivos por décadas, séculos, milênios, enquanto durar
sua lembrança. Veja que chatice todos ficarem comentado o tempo todo os atos de
Jesus. E tem gente que faz de tudo para “se projetar”!
Vitória,
quinta-feira, 29 de abril de 2004.
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