segunda-feira, 19 de junho de 2017


O Coração do Mundo

 

                            Disse a Gabriel na caminhada: suponha que haja um ciclo para cada produto, digamos café, como todo mundo sabe que existe, há já bastante tempo. Se olharmos um círculo, que é uma onda senoidal com seu ritmo próprio, podemos imaginar que esse ciclo tem um raio que é a caótica, ao acaso, ambiental pressão-de-composição, de criação daquele coração em especial. Como coração remete a corpo (de que é cognato na Rede Cognata, veja no Livro 2 A Construção da Rede e da Grade Signalítica, isto é, corpo = ALMA = CORAÇÃO = CRIAÇÃO = COMPOSIÇÃO, etc.), então poderemos ver o café como uma pessoa andando, seu coração próprio batendo a um ritmo determinado, que diz respeito àquele indivíduo-café. Existiria um indivíduo-prata, um indivíduo-ouro, um indivíduo-macarrão, todos com corpos, que são seus ambientes constitutivos, e um círculo ou ciclo ou onda cujo ritmo é dado pelos envolvimentos com os demais indivíduos, formando famílias-de-produtos, grupos-de-produtos, empresas-de-produtos entre as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas), quer dizer, conjuntos conexos cada vez mais vastos, daí todo um eco-sistema produtivorganizativo ou socioeconômico. Teríamos a família-dos-metais, o grupo-dos-materiais, a empresa-extrativa toda, com seu ritmo conjunto.

                            O indivíduo-café, que tem um coração a certo ritmo, tem um corpo constituído pelos consumidores ou demandantes, e os vendedores ou ofertantes, que fazem consórcio de alimentação mútua, como num corpo mesmo os órgãos. Vale a pena investigar os órgãos e suas necessidades de comprar ou vender, pois suas atividades são conexas. Precisamos de um mapa-do-café, um escritório de observação dele, se vamos entrar nas atividades especulativas. Observar seu ciclo, os compradores e os vendedores.   Mas precisamos, mais que tudo, de um escritório capaz de observar TODOS os corpos e corações, a interação conjunta deles, pois a injeção de sangue monetário significa retirada de outro. Quando e d’onde tirar e colocar? Seguindo tal ritmo com precisão não apenas é possível a especulação de primeiro grau, em que o ladrão rouba do povo, devido à imprevidência deste, mas a de segundo grau, roubar do ladrão e ter cem anos de perdão; na realidade até especulação de terceiro grau, colocando escritórios que cedam informações privilegiadas (e, portanto, controle privilegiado, especial, reservado) a preço muito alto, roubando do que rouba do ladrão e tendo dez mil anos de perdão. E entregando tudo de volta ao povo, para coisas elevadas de que ele necessita.
                            Vitória, terça-feira, 11 de maio de 2004.

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