sexta-feira, 16 de junho de 2017


O Círculo do Mundo


 

                            No pé da Montanha Iluminada os atlantes montavam seu circo, diferente dos nossos, que são pontudos; aqueles eram constituídos de uma cúpula, uma hemisfera representando um lado do mundo, onde estavam os racionais, os incompletos, os que não sabiam de tudo - pois o objetivo era gozar das veleidades, dos orgulhos deles mesmos; a meta era zombar de suas falsas esperanças e expectativas, seus sonhos, as promessas do mundo, as ilusões. Tudo girava em torno dessa zombaria, vestindo o rei e a rainha de palhaços.

                            O piso era um grande pano circular branco, impoluto, depois pisoteado e emporcalhado, representando esse processo de sujar a perda da herança recebida de ELI, Ela/Ele, Natureza/Deus, Alá = ABBA, na Rede Cognata; aquela mesma miserável renúncia que Adão e Eva tinham feito outrora no distante planeta (mais de 300 anos-luz do Sol) Paraíso, lá em Canopus. Os trapézios indicavam o perigo inerente de pular solto no ar, longe da segurança de Deus; a aventura tresloucada e o aventureirismo, o excesso de aventuras. E cada prática do Circo geral hoje é mais ou menos representativa dos estados emocionais dos “deuses”, dos adâmicos expulsos e afastados do convívio de ELI. Eles gozavam uns dos outros, com autorização e aplauso de Adão e Eva, que com isso rememoravam sua estupidez e temeridade antigas. O primeiro circo tinha sido montado por eles para divertimento dos filhos e netos e os seguintes os copiaram. Os espectadores em volta representavam o antigo Senado Imperial que os induzira ao pecado, aplaudindo-os e depois rindo à farta de suas bobeiras. Disso, evidentemente, só restou sombra, arremedo dos dias de hoje.

                            Porque naqueles tempos atlantes eles debochavam fortemente, com uma crueldade insana, uns dos outros. A seguir choravam, depois riam. Mas isso foi antes do tempo em que começaram a adorar a Deus e a cair na bandalheira. Foi antes de ficarem compungidos e compenetrados demais, foi antes, quando ainda sabiam rir de si mesmos e de suas falhas. Quando se tornaram reverentes demais perderam toda ligação real com ELI. Então começaram a rezar, a humilhar-se, a flagelar-se idiotamente, substituindo o amor sincero por reverência falsa.

                            Vitória, quinta-feira, 06 de maio de 2004.

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