sexta-feira, 16 de junho de 2017


Enciclopédia do Sucesso


 

                            Geralmente fazem biografias, que como já mostrei podem comportar erros de dois modos: 1) de fora para dentro, de quem vê, erros de julgamento; 2) de dentro para fora, de quem viveu, autofavorecimento, enobrecimento indevido. Fixam-se na PESSOA (em geral no indivíduo; às vezes, raramente, estendem à família, grupo, empresa). Falam de sua geo-história ou espaço tempo: por onde andou e de quando a quando, começo e fim. Descrevem a figura, mas não muito, também; não são cuidadosos com a Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias), como também já disse.

                            Não observam os contrastes.

                            O que os outros faziam de igual que esse, diferente, contrastou a ponto de encontrar um caminho de pouca resistência que foi dar num grande veio de aproveitamento? Que novidades apresentou? Que soluções distintas e inovadoras apresentou? Que audácias teve de ter para romper adiante? Se todas as empresas faziam grandes carros até 1973, que razão nacional levou o Japão enquanto cultura a proceder diferentemente e fazer carros pequenos, considerados então pura asneira, coisa de pobres e atrasados?

                            Mas sucesso é fazer diferente? Não, obviamente não, pelo menos em termos de produto, que pode ser o mesmo com uma organização distinta. O caso do Wal Mart é esse: eles vendem o que todos vendem (não na mesma quantidade nem tantos itens, mas estes existem nos outros lugares, embora em muitos), apenas a maneira de lidar é diversa.

                            A pergunta ilustradora, iluminadora, deveria ser esta: o que em tanto repetição contrasta? Pois não queremos fazer a mesma coisa, até porque alguém já fez antes; queremos OUSAR fazer separado da manada. E é isso que se está ensinando nas fórmulas de sucesso – ousadia. Também demorei muito, pensando como quase todos, a perceber que o que estamos buscando aprender ao ler as biografias é encontrar esse tônus, essa rigidez muscular mental que leva ao sucesso. As biografias deveriam se concentrar nisso e perguntar finalmente (que é o que interessa à coletividade): de onde veio aquela extraordinária resistência, quando em volta todos afrouxavam?

                            Vitória, sexta-feira, 30 de abril de 2004.

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