domingo, 18 de junho de 2017


ECF como Retrato Socioeconômico

 

                            Emissor de Cupom Fiscal, que veio a ser o nome do que imaginei em 1988 como Máquina Itemizadora e entreguei a Penha Feu Rosa na legislatura de 1989, tornando-se depois esse sistema geral. O objetivo era fazer um desenho tridimensional de todos os movimentos dentro das leis fiscais do ICMS.

                            O ECF teria o objetivo primordial de colocar um zero, listando todas as movimentações, a partir daí - o que sai realmente de onde e vai para onde, quem consome o quê, o ritmo de apropriação da riqueza, os índices de consumo por classes, por família, grupo e empresa, os pólos consumidores e produtores -, tendo conseqüências extraordinárias, absolutamente fantásticas para a retratação da Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos) e da Sociologia gerais. Ora, as secretarias de Fazenda nada entenderam, retardaram com suas consciências minúsculas e compromissadas com a podridão a chance de fazer algo de fato novo e revolucionário.

                            Como o ICMS é estadual, de fundo nacional - o que já mostrei desde 1988 nas chamadas 15 Teses de Belém - ele poderia demarcar toda a existência do Brasil, dos estados, das cidades/municípios verificando a cada instante o que estaria saindo e o que estaria chegando, o ritmo de consumo, tudo mesmo, com total seriedade coletiva e particular. O compromisso das elites com a vagabundagem acabou por bombardear a iniciativa. Isso é que significa ser pobre, subdesenvolvido, de terceiro mundo: as consciências são terceiras, faltando dois passos ou níveis para serem primeiras consciências. Elas nunca conseguem perceber toda a realidade.

                            Ser terceiro é ter terceira-condição em tudo: pobreza racional, pobreza emocional, pobreza de percepção, pobreza de inteligência, pobreza de alcance. É ser vagão, não locomotiva, é ser puxado EM TUDO. É desconfiar de suas iniciativas, a menos que sejam adotadas antes fora e voltem valorizadas como dos outros. É preciso que outras consciências validem, antes de ser admitido internamente. Há medo dos outros e de si mesmo. Há medo de assumir independências. Há covardia. Nenhuma iniciativa se faz sem consultar milhões de consciências ultrapassadas. É assim, não há jeito até acontecer alguma grande revolução.

                            Vitória, segunda-feira, 17 de Maio de 2004.

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