domingo, 11 de junho de 2017


A Inteligência Menor


 

                            Num desses programas-documentários viajaram não sei quantos milhares de quilômetros pela Amazônia para observar o peixe-boi da lá, o único de água doce, ameaçado de extinção depois de ter sido mais recentemente por 500 anos caçado aos milhares.

                            Não há na imensa variação do universo nenhum que seja igual, não há no sistema solar nenhum sequer semelhante aos peixes-boi da Terra e de fato aquele é único da espécie freqüentando a água doce. São alguns milhares, não sei, enquanto os seres humanos, muito mais complexos, são bilhões. Na entrevista o cinegrafista mostrava como os arpões, derivados dos indígenas, eram arremessados, com a esperteza de uma corda para trazer de volta. Claro, os seres humanos amazônicos, que não estão em perigo de extinção, caçam os peixes-boi, que estão. A inteligência maior caça a menor. Um dos moradores até achava graça que, tendo matado 98, queria “inteirar”, fazer 100, para completar e ter dois zeros. Mas nas PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e nos AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundo) o indivíduo é menor que sete níveis, de modo que estes podem obstar e travar aquele: a inteligência maior, vendo mais longe pode impedir a inteligência menor, e é o que deve ser feito.

                            Por quê deixar a inteligência menor destruir o que é de todos? Sim, de todos os humanos de agora, mais de seis bilhões, e de todos os humanos do futuro, que nem estão aqui para reclamar. Por quê deixar a inteligência menor, que está vários milhares de anos no passado, até os milhões de anos dos hominídeos, e muitos bilhões de desejos abaixo, por quê deixá-la prevalecer?

                            É estupidez, dela e nossa.

                            Vitória, sábado, 24 de abril de 2004.

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