quarta-feira, 14 de junho de 2017


Os Heróis que Fugiram


 

                            Herói é sempre o cara que fica e enfrenta, mas no Brasil de 2004 em que se comemoram às avessas os 40 anos da Redentora, a falsa Revolução de 01 de abril (dia da mentira) reconvertida a 31 de março de 1964, os que fugiram com medo, se exilaram e voltaram 20 e poucos anos depois, depois que o regime militar começou a abrir em 1984, desaparecendo definitivamente em 1985, após 21 anos e 70 mil mortos (que realmente ficaram), agora posam de superheróis da macacada, como se dizia na minha adolescência. Foram para a Europa beber champanhe, freqüentar a noite, fumar charutos cubanos fingindo sabedoria, passear nas rodas de intelectuais e literatos, enquanto “uns poucos” realmente estavam aqui lutando. Então, 40 anos depois da Redentora e 20 anos de seu retorno ridículo e supervalorizado, vem esses camaradinhas posar de bacanas, para jovens que nunca souberam e para gente de mais idade que faz questão de esquecer aquele vexame.

                            Ainda outro dia ouvi constrangido numa livraria declamação açulando a Redentora; se aparecesse ali um soldado com fuzil saíam todos correndo com medo. Agora que a onça está morta todos querem mijar em cima. Na época (tenho 50, eu me lembro) poucos lutaram, sofreram e morreram. Eu mesmo pensei, mas não fui, o chamado para a luta não me encantava, as elites brasileiras são falsas e fingidas. Junto uma “breve resenha” (longuíssima).

UMA LONGUÍSSIMA BREVE RESENHA (tirada da Internet, compactada, corrigida parcialmente)

O regime autoritário de 1964 - breve resenha
Por João Rego (Retirado do Tortura Nunca Mais) 31/03/2004 às 01:24
O golpe militar de 1964 teve sua articulação coordenada por três forças políticas que já haviam marcado sua posição no processo político na década de 50: o capital multinacional associado ao nacional, o capital de Estado e os militares...
João Rego é cientista político e psicanalista.

Em resumo, eles se valorizaram muito e bem valia a pena (quem fizer vai levar chicotada) escrever livro fundamentado sobre a questão, com aquele título. Vai ser de deixar os falsos, todos atores e atrizes em causa própria, mais os familiares que vivem de fingidos heroísmos, mais os amigos que injetam gasolina na fogueira do mito envergonhados. Em todo caso é preciso desmascarar.

Vitória, sábado, 24 de abril de 2004.

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