Os Fornos
da Casa Grande
Essas amenidades
devem ser colocadas estrategicamente (a grande tática, espaço) pouco antes de
um evento destrutivo ou negativo, equilibrando em soma zero, mostrando que não
é só coisa ruim; pelo contrário, aconteciam boas coisas. Uma boa época é lá por
3,05 mil antes de Cristo, nas vésperas da Grande Guerra dos Deuses.
Aqui
são imensos fornos, fazendo pão e outras comidas para dezenas de milhares de
descendentes atlantes ou adâmicos na Montanha Iluminada. Azáfama total, correria,
agitação geral, servos apressados, muito trigo tirado dos celeiros, carroções
vindos de todas as partes do mundo em volta de Uruk, uma verdadeira felicidade.
Gente amassando a massa, cheiros no ar, pães quentes e imensos saindo dos
fornos, lenha queimando, a manteiga derretendo nas fatias, crianças atlantes,
humanas mestiças e sapiens pegando bocados, toda a tarefa de servir “os
deuses”. Servos recebendo as mercadorias em baixo, verificando a qualidade,
levando para estocar, catalogando. As misturas, os temperos, os vários tipos de
pães e bolos, as receitas, os tachos, as fôrmas, os fogos e a sustentação
deles, uma profusão de atos para os quais - e seu ordenamento - é preciso
consultar os padeiros e os proprietários de padaria, além de confeiteiros. Enfim,
trata-se de alimentação e mais ainda, de alimentação de quem nada fazia, porque
os atlantes aparentemente só para comer, beber, dormir, passear e se divertir,
quando na verdade estavam pensando e construindo a civilização.
É
preciso retratar demoradamente essa situação. Se for um filme só nuns poucos
minutos, se forem vários, uma série, durante muito mais tempo, de modo a
mostrar a vida íntima, familiar: panelas, potes, gorduras, temperos, pastas,
sobremesas, tudo aquilo que faz a vida realmente valer a pena, dizendo da vida
abençoada dos atlantes.
Vitória,
sexta-feira, 07 de maio de 2004.
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