sexta-feira, 16 de junho de 2017


Imitação dos Deuses


 

                            Tempos depois do desaparecimento de Tróia Olímpica em 1,74 mil antes de Cristo, esfriadas as cinzas da destruição de tudo até as raízes, queimado o lugar, depois de tudo amortecido veio o remorso, que foi crescendo, acabrunhando as mentes diante da enormidade do que tinham feito. Acalmado os espíritos bateu forte a saudade e as pessoas começaram a repensar o passado. Relíquias tinham sido levadas e guardadas. Os avós, que tinham feito, ainda tinham raiva, que nos filhos era menor, nos netos virou saudade e nos bisnetos profunda reverência, de modo que um século depois as pessoas já estavam caçando os restos de TO.

                            Restos físicos/químicos, biológicos/p.2, psicológicos/p.3. Tudo das tecnartes, tudo do Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática), tudo de tudo, todo resto que podiam pegar ou comprar. E começou a imitação gestual nos rituais de tudo que os atlantes faziam, desde o serviço dos servos às tarefas dos matadores, depois os nobres, os exércitos, e as coisas mais altas como se fossem dos próprios reis que instituíram as imitações. Imitação das comidas (acepipes) e das bebidas (néctares), de tudo que era corriqueiro na TO e foi elevado ritualisticamente à posição da mais alta reverência, numa verdadeira febre que varreu o mundo lá por 1,60 mil antes de Cristo. O mundo nunca conheceu depois um frenesi representativo igual. Taças, louças, cerâmicas, armas, todo gênero de objeto os artesãos copiavam infinitamente, decaindo constantemente o padrão da representação até se tornar muito tosco. Em vez de melhorar com o tempo, como acontece com a criação própria, foi piorando, como ocorre com as cópias, até chegar a um ponto de irreconhecibilidade, de ter se tornado totalmente irreconhecível, incomparável com o passado de alguns séculos atrás, de modo que lá por 1,20 mil já nem se assemelhava com nada antes – tinha ingressado no reino das lendas.

                            Vitória, quarta-feira, 05 de maio de 2004.

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