Imitação
dos Deuses
Tempos depois do
desaparecimento de Tróia Olímpica em 1,74 mil antes de Cristo, esfriadas as
cinzas da destruição de tudo até as raízes, queimado o lugar, depois de tudo
amortecido veio o remorso, que foi crescendo, acabrunhando as mentes diante da
enormidade do que tinham feito. Acalmado os espíritos bateu forte a saudade e
as pessoas começaram a repensar o passado. Relíquias tinham sido levadas e
guardadas. Os avós, que tinham feito, ainda tinham raiva, que nos filhos era
menor, nos netos virou saudade e nos bisnetos profunda reverência, de modo que
um século depois as pessoas já estavam caçando os restos de TO.
Restos
físicos/químicos, biológicos/p.2, psicológicos/p.3. Tudo das tecnartes, tudo do
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática), tudo de tudo, todo resto que podiam pegar ou
comprar. E começou a imitação gestual nos rituais de tudo que os atlantes
faziam, desde o serviço dos servos às tarefas dos matadores, depois os nobres,
os exércitos, e as coisas mais altas como se fossem dos próprios reis que
instituíram as imitações. Imitação das comidas (acepipes) e das bebidas
(néctares), de tudo que era corriqueiro na TO e foi elevado ritualisticamente à
posição da mais alta reverência, numa verdadeira febre que varreu o mundo lá
por 1,60 mil antes de Cristo. O mundo nunca conheceu depois um frenesi
representativo igual. Taças, louças, cerâmicas, armas, todo gênero de objeto os
artesãos copiavam infinitamente, decaindo constantemente o padrão da
representação até se tornar muito tosco. Em vez de melhorar com o tempo, como
acontece com a criação própria, foi piorando, como ocorre com as cópias, até
chegar a um ponto de irreconhecibilidade, de ter se tornado totalmente
irreconhecível, incomparável com o passado de alguns séculos atrás, de modo que
lá por 1,20 mil já nem se assemelhava com nada antes – tinha ingressado no
reino das lendas.
Vitória,
quarta-feira, 05 de maio de 2004.
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