domingo, 30 de julho de 2017


As Flechas de Vênus

 

                            No livro A Mais Bela História da Terra (As Origens de Nosso Planeta e os Destinos do Homem), Rio de Janeiro, Difel, 202 (sobre original francês de 2001), vários, na p. 116 um dos entrevistados diz: “ (...) a Terra é, aliás, o único planeta que modifica suas paisagens dessa maneira” (com a tectônica de placas – sequer fala das flechas, quer dizer, dos meteoritos e dos cometas).

                            Não pode ser assim.

                            Primeiro, os mecanismos são gerais, inespecíficos, não visam A ou B, tal ou qual planeta privilegiado; as estruturas são, nesse nível, físico-químicos, não especificando nenhum objeto celeste. Segundo, os planetas interiores ou terrestróides são todos do mesmo tipo, porisso mesmo são chamados de terrestróides, isto é, que possuem a forma da Terra. E não só a forma, o conteúdo também.

                            O que poderia ser diferente?

                            Bem, a termomecânica (e não termodinâmica) seria. Para começar, do Sol para fora Mercúrio, a Lua e Marte não possuem atmosfera e assim, consistentemente, todos estão presentemente esburacados, porque a erosão pela Bandeira (pelo ar, pela água, pela própria terra/solo em suas convulsões e choques, pelo fogo/energia, pela vida, pela vida racional) não se dá. No caso de Vênus, onde não existe vida nem muito menos vida-racional estas não erodem o planeta, mas na Terra sim, fortemente.

                            Assim, para os três planetas citados (a Lua é, com toda certeza, um planeta que orbita a Terra), os buracos das flechas ainda são visíveis, o que será muito útil, como já vimos. Para Vênus e Terra a erosão varreu quase tudo, especialmente em Vênus, onde é mais quente em média uns 430 graus Celsius, com enorme efeito estufa que obnubila ou escurece tudo. Onde não há atmosfera para conter o calor enviado pelo Sol este vaza rapidamente para o espaço e com ele vai o calor interior gerado pelo decaimento radiativo; na Terra e em Vênus o calor flui para fora muito mais lentamente. Na Terra a estase termomecânica se dá a 90 metros de profundidade e em Vênus deve ser mais para baixo ainda, de forma que o manto em Vênus deve estar muito mais longe da superfície, bem derretida, como os tecnocientistas demonstraram.

                            Assim, na Terra as placas estão secas e frias, mas em Vênus estão “molhadas” e quentes, elas FLUEM COM UMA INTENSIDADE SEM PAR. Lá existem crátons fumegantes, arcos de montanhas imensas e Lobatos de fogo, ao contrário da Terra, onde tudo é delineado e facilmente visível. Não existe lugar no sistema solar onde as crateras possam ser tão espetaculares. Elas não desaparecem tão rapidamente quanto na Terra, porque em Vênus operam apenas quatro dos seis elementos da Bandeira Elementar.

                            Onde caem flechas operam os dois efeitos:

PARA TE ENCONTRAR FIZ COISAS QUE VOCÊ NÃO ACREDITA (canta Roberto Carlos)

·       Efeito vertical que incrementa energia no sistema planetário, além de rebentar a crosta em placas, compondo os cenários na vertical;

·       Efeito horizontal que empurra as placas e as faz rodar, compondo os cenários de superfície.

Assim, onde caíram flechas rebentaram as crostas em placas, e mexeram-se estas, criando várias composições continentais. Caíram flechas em todos os planetas, inclusive na Lua. O que há de diferente na Lua, em Mercúrio e em Marte é que eles ressecaram há muito tempo, e congelaram, as placas endureceram, movendo-se mais devagar – mas continuam se movendo, compondo os arcos de montanhas, os Lobatos, os oceanos, as fissuras meso-oceânicas. Se caíram as flechas em todos, em todos há; a questão é somente de que tipo e quanto. Nos três, menos, na Terra mais e em Vênus ainda mais.

                            Não é só na Terra, nem de longe. Em todos os terrestróides há; há nos satélites dos jupiterianos; e há nos jupiterianos, só que durando quase nada, porque são planetas gasosos.

                            Os autores estão enganados.

                            Vitória, sexta-feira, 08 de outubro de 2004.

                           

                            AS FLECHAS DE VÊNUS (na Internet)

The first image shows the Venusian impact crater Danilova as seen by the Magellan spacecraft. The crater has a central peak, a crater wall, a crater floor, an ejecta blanket, and crater outflow deposits. The second image is a geologic sketch map of the crater. (Copyright Calvin J. Hamilton)

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