quinta-feira, 27 de julho de 2017


Os Que Se Fizeram

 

                            Em inglês existe a locução “self made man” (“eu-feito-homem” – o inglês é esquisito mesmo). Em português “a pessoa que se fez por si mesma”. Não PARA SÍ, o que denotaria egoísmo, excesso ou superafirmação do ego, mas POR SI, com suas próprias forças. Ninguém se faz sozinho, isso é impossível; nem mesmo o par fundamental ideal (a EVA MITOCONDRIAL e o ADÃO Y viveram em tempos e espaços separados na África de 200 mil anos atrás); hoje, como está fartamente demonstrado no modelo, o indivíduo definitivamente não existe só – em volta dele estão as outras PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (cidades/municípios, estados, nações e mundo) psicológicos. De modo que nenhum de nós existe mesmo só, estamos presos ao coletivo, que produz para nós e nós para ele.

                            Entrementes, há alguns que se esforçam mais e com oposições de todo estilo fazem por si e pelos outros muito mais que a média, situando-se bem acima em relação a ela. São a esses que nos referimos: aqueles que começam quase do nada na Economia (agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos) ou na Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) ou no Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática). Que começam quase do zero, como o indiano Ramanujan fez na matemática.

                            Essas pessoas, digamos Newton em várias áreas, devem inventar seus próprios instrumentos, máquinas, aparelhos, programas, processos, métodos, sistemas, procedimentos, notações, grafias e vários itens, de modo que são, em si mesmos, revoluções ambulantes. Existe sempre em volta deles uma revolução ocorrendo. São chamados de “homens reais”: todos vivem para o passado, de um modo ou de outro, mas eles vivem para o futuro. Devemos a aptidão qualitativa a eles. Dizem que eles vivem além de sua época, mas isso não é verdade, vivem apenas além da média do presente, pois metade, diz o modelo, vive para o passado e metade para o futuro; alguns estão além da média da média, locomotivas poderosas arrastando os vagões do presente que se aferra ao passado. Eles não vivem no futuro, não existe isso: é que os outros é que vivem no presente voltado para trás. Eles meramente vivem no presente voltado para frente, até muito para frente, e assim enfrentam oposições. São as criaturas mais interessantes. Porisso, se você deparar com a biografia de um “homem que se fez por si mesmo”, compre-a e leia-a – sempre terá muito a aprender daquele esforço. É basicamente re-nov/ação, ato permanente de re-novar.

                            Vitória, quarta-feira, 22 de setembro de 2004.

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