Os Que Se Fizeram
Em inglês existe a
locução “self made man” (“eu-feito-homem” – o inglês é esquisito mesmo). Em
português “a pessoa que se fez por si mesma”. Não PARA SÍ, o que denotaria
egoísmo, excesso ou superafirmação do ego, mas POR SI, com suas próprias
forças. Ninguém se faz sozinho, isso é impossível; nem mesmo o par fundamental
ideal (a EVA MITOCONDRIAL e o ADÃO Y viveram em tempos e espaços separados na
África de 200 mil anos atrás); hoje, como está fartamente demonstrado no
modelo, o indivíduo definitivamente não existe só – em volta dele estão as
outras PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES
(cidades/municípios, estados, nações e mundo) psicológicos. De modo que nenhum
de nós existe mesmo só, estamos presos ao coletivo, que produz para nós e nós
para ele.
Entrementes, há
alguns que se esforçam mais e com oposições de todo estilo fazem por si e pelos
outros muito mais que a média, situando-se bem acima em relação a ela. São a
esses que nos referimos: aqueles que começam quase do nada na Economia
(agropecuária/extrativismo, indústrias, comércio, serviços e bancos) ou na
Psicologia (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou
economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias) ou no
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática). Que começam quase do zero, como o indiano
Ramanujan fez na matemática.
Essas pessoas,
digamos Newton em várias áreas, devem inventar seus próprios instrumentos,
máquinas, aparelhos, programas, processos, métodos, sistemas, procedimentos,
notações, grafias e vários itens, de modo que são, em si mesmos, revoluções
ambulantes. Existe sempre em volta deles uma revolução ocorrendo. São chamados
de “homens reais”: todos vivem para o passado, de um modo ou de outro, mas eles
vivem para o futuro. Devemos a aptidão qualitativa a eles. Dizem que eles vivem
além de sua época, mas isso não é verdade, vivem apenas além da média do
presente, pois metade, diz o modelo, vive para o passado e metade para o
futuro; alguns estão além da média da média, locomotivas poderosas arrastando
os vagões do presente que se aferra ao passado. Eles não vivem no futuro, não
existe isso: é que os outros é que vivem no presente voltado para trás. Eles
meramente vivem no presente voltado para frente, até muito para frente, e assim
enfrentam oposições. São as criaturas mais interessantes. Porisso, se você
deparar com a biografia de um “homem que se fez por si mesmo”, compre-a e
leia-a – sempre terá muito a aprender daquele esforço. É basicamente
re-nov/ação, ato permanente de re-novar.
Vitória,
quarta-feira, 22 de setembro de 2004.
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