Para Melhor Existir,
Melhor Pensar
As burguesias
brasileiras ficam amedrontadas, com receio de liberar o povo, que poderia sair
correndo desabalado, descontrolado; porisso o prendem com rédeas curtas,
sufocantes. Como não houve bastante cristianização do país, não deixam passar
nada para baixo.
Pelo contrário,
deveriam investir não apenas na Ciência/Técnica, onde quase não existem
revolucionários, como principalmente na Filosofia/Ideologia, onde eles existem
em abundância, apenas com a precaução de confessar o desejo de um projeto
comum, de todo o povelite, liberando com isso trezentas mil folhas na árvore
impassível para elas balançarem à vontade, vibrando todo o edifício.
Isso equivaleria e
estimular EM TODAS AS ESCOLAS, em todos os níveis (primeiro e segundo graus,
universidade, mestrado, doutorado e pós-doutorado) o pensar das coisas e dos
problemas afincada ou obstinadamente. O país precisa de tensões. Precisa de problemas
por resolver. Que adianta um país deveras seguro, em termos de aprisionamento,
mas que produz pouco? Melhor um país que corra riscos e produza muito. Querer
pressão é querer soluções. Querer vida mansa é querer o comodismo que traz
passado, pois quem não resolve problemas só acessa o futuro-passado, aquele
futuro que é repetição do passado. O FUTURO-NOVO, o futuro diferente, ainda não
trilhado, pertence apenas aos que resolvem problemas novos. Esses geram
inquietações que fazem pular as burguesias, que as remetem a um novo processo
de pulsação, a novas tempestades, rumo ao enfrentamento de novas barreiras que
a fazem inventar caminhos novos, caminhos não-trilhados, que ninguém pisou
antes – porque pelos velhos caminhos todos sabem passar, eles viraram “caminho
da roça”, trilha batida: é seguro, mas há gente demais nele.
Liberar os
revolucionários para os questionamentos é fazer efervescer. País parado é como
criança parada: está doente (do corpo ou da mente). O único jeito de prosperar
é “soltar os cavalos”, fazê-los galopar.
Soltem a tropa.
Vitória,
quarta-feira, 22 de setembro de 2004.
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