domingo, 30 de julho de 2017


Pensamento Quantitativo e Qualitativo

 

                            Em seu livro de título muito feliz Mais Platão, Menos Prozac (A Filosofia Aplicada ao Cotidiano), Rio de Janeiro, Record, 2002 (sobre original americano de 1999) Lou Marinoff diz na página 101: “A filosofia costumava dedicar-se ao mundo físico e investigar o funcionamento interno da natureza humana. Mas a ciência assumiu o controle dessas áreas, e o que restou para a filosofia fazer? A minha resposta é: menos ou mais, dependendo da sua abordagem. Como pensar criticamente e como levar uma vida virtuosa, preocupações fundamentais da filosofia desde os tempos antigos, foram praticamente retiradas da agenda pública nas últimas décadas”.

                            Bem, no modelo o Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) traz a Filosofia em letra maiúscula – ela é uma FAMÍLIA DE FILOSOFIAS. Não foi apequenada, foi alargada, alteada, encompridada e tornou-se muito mais volumosa no geral. Aquilo que é dela a Ciência não pode tomar, nem nenhum dos outros pólos; a Ciência apenas pegou o que já era seu de natureza, não tomou nada de ninguém. A Filosofia (como cada pólo) raciocina sobre as mesmas coisas, sobre a mesma pontescada geral, sobre os mesmos tópicos, só sendo necessário saber quais são seus campartículas especiais, isto é, como a Filosofia aborda a mesma P/E de modo diferente?

                            O fato é que o pensamento vai de CADA VEZ MAIS QUALITATIVO quando se retorna aos primórdios - onde a Magia era plenamente dominante, porque tratava do campo emocional - até o CADA VEZ MAIS QUANTITATIVO, que é o lado recente da Ciência, onde fica o campo racional extremo. A Filosofia é um dos dois modos altos intermediários, mais que emocional, menos que totalmente racional. Seu campo é mais qualitativo que o da Ciência, porisso os apontamentos não podem mesmo ser iguais, dado não se tratarem das mesmas tarefas.

                            Os campos são os mesmos, só o modo de olhar é diferente, como deve ser. A Filosofia não pode ter sido apequenada, porque o mundo foi dilatado; então, se a Filosofia pareceu encolher foi porque os filósofos se deixaram diminuir, perderam o dom de imaginar, não se interessaram bastante a fundo, abafaram o interesse. Se o mundo ficou maior, como a Filosofia se deixou reduzir? Os magos/artistas, os teo-religiosos e até os ideólogos não se deixaram apequenar, pelo contrário, acharam seus caminhos. De todos os pólos só o dos filósofos se contraiu. Isso é uma denúncia grave.
                            Vitória, terça-feira, 28 de setembro de 2004.

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