As Glaciações e a
Termomecânica da Terra
As glaciações são
vistas apenas como fenômenos, isto, como acontecimentos: “a glaciação que
terminou há 10 mil anos atrás”. Não passa disso, não há detalhes, o que nos faz
muita falta. Fala-se genericamente.
Ora, quando há
congelamento isso interfere em tudo.
INTER-FERÊNCIAS
·
A
atmosfera desaba (a água congelada cai excessivamente sob a forma de neve);
·
O
nível dos oceanos abaixa muito; grandes áreas das bordas continentais emergem;
·
Os
animais migram para o norte a partir do sul e vice-versa no hemisfério norte;
·
A
faixa equatorial guarda a vida e todas as promessas dela (os animais polares
vêm confraternizar com os tropicais e partilham os mesmos ambientes,
extinguindo-se mutuamente – aparecem muito mais moradores no mesmo hotel); há
menos espaço para os tropicais, tudo está mais frio, muitas espécies
desaparecem e quando os temperados vão embora no fim da era glacial eles
explodem em expansão nova;
·
O
Sol incide na mesma quantidade, não diminui nada. Embora o albedo (luz
refletida) possa ter aumentado, justamente em razão da presença de maior
espelho de neve e gelo, o certo é que a energia incidente é a mesma: para onde
ela vai? Fica na faixa não-congelada? De que modo a geração de tempestades se
torna mais aguda?;
·
Como
há muita vida em pântanos e estes foram deslocados para a nova área costeira e
as fozes, em que medida a nova vida se move para as beiradas das novas
plataformas continentais?;
·
Quanta
vida a era glacial pode manter? O que acontece ano após ano depois do fim da
glaciação? Quais os ritmos da Vida geral na Terra após o recuo das geleiras?;
·
O
que acontece com os rios, os lagos e os mares interiores, tanto os que estão
descobertos quanto os que foram obstruídos pelos gelos?;
·
Na
medida em que o superfrio está chegando ao extremo norte e ao extremo sul, a
que ritmo migra a vida (inclusive vegetal) ?;
·
Até
onde chegam as espécies para se salvarem da extinção e quantas o conseguem?;
·
Quanto
chove e quanto faz sol (luz e calor) nos períodos glaciais?;
·
Como
funciona o interior mais profundo, manto, e a crosta superficial da Terra em
cada placa continental em movimento, e no mar?;
·
Como
se comporta o mar, tanto como água corrente (por exemplo, a circulação
interoceânica no sul cessa, perto da Antártica, porque os gelos vão até a
Argentina, o Uruguai e o Brasil até o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná). Se as águas do Atlântico, do Índico e do Pacífico não se misturam, o
que isso ocasiona aos ecossistemas dos três oceanos? Os oceanos congelam apenas
superficialmente ou até que profundidade? Nas águas mais profundas de
temperaturas muito baixas que gênero de vida passa por baixo?
·
Quando
os pantanais das linhas iniciais (por exemplo, essas que temos na beira-mar)
secam, como a rica vida dali migra até os novos locais (o nível do mar desceu –
por vezes desce 160 metros, na vertical, andando vários quilômetros nas
longitudes e latitudes -, a foz do rio migrou para frente, os novos alagados se
estabelecem dezenas de quilômetros adiante)? Note que na última glaciação isso
aconteceu: os pantanais que hoje existem em volta da Ilha de Vitória estavam
noutro lugar, muito para baixo e para adiante, e tiveram de migrar para lá,
voltando depois até chegar onde estão agora. Seguramente antes não estavam onde
estão agora, estavam em outro lugar. Por algum tempo talvez a Ilha tivesse
deixado de sê-lo, o canal talvez tenha secado, os pesquisadores deveriam
procurar ver. Enfim, não estava onde está, como ponto de partida (partiu de outro
ponto, linha, plano e espaço, migrou), foi para outro lugar, voltou e se
estabeleceu onde está. Deixou rastros lá de onde partiu e lá onde esteve, assim
como está deixando agora onde se situa. Como foi essa ida-e-vinda? Como os
pantanais “trafegam” durante os congelamentos e descongelamentos? Como se comportam
durante as bolas de gelo e as bolas de fogo?;
·
Como
já perguntamos o que ocorre com a formação do petróleo?;
·
Se
os mapas que vemos são ilusões dos curtos sentidos que temos, como é que as
glaciações, - quando abertas em SUPERESPAÇO e SUPERTEMPO, quando dilatadas
espacial e temporalmente - se comportam EM DETALHES?
Enfim, você pode ver que umas poucas
perguntas abrem centenas e mesmo milhares de outras, porque se podemos como
leigos fazer tais perguntas dilatadoras, muito mais podem fazer os geólogos,
treinados nisso.
Resumindo, o que as
glaciações fazem com a termologia e a mecânica planetárias? Como elas afetam o
Globo em detalhes?
Vitória, sábado, 16
de outubro de 2004.
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