Artigos da Superinteressante
A
Superinteressante, da Editora Abril, é uma revista que posso reputar
maravilhosa, embora seja, e porisso mesmo, de mera divulgação tecnocientífica,
e mesmo assim sem o enquadramento que o modelo daria. Como em tudo ela não vai
suficientemente fundo. Contudo, com o que faz já está no caminho certo, o que
aplaudo.
Tenho
pensamento que aceita quase tudo, é aberto para quase tudo e quase todos,
porisso às vezes tenho expectativas mal-encaixadas quanto à aceitação alheia.
Naturalmente a Superinteressante tem uma linha editorial que segrega,
seleciona, segundo esta ou aquela visão ou percepção-de-mundo, e não iria
aceitar “qualquer um”. Não é propriamente uma revista de divulgação científica
de alto nível, mas mesmo assim terá seu estreito canal, certo ou errado, de
vazão dos elementos. No amplo espectro dos fazeres humanos ela vai - tentando
vender os exemplares - postar-se na relação comercial mais baixa de “alto
nível” pretendida pela editora (que tem muitas revistas e responsabilidades) e
os editores particulares daquela revista.
Eu
não mandei, mas tenho certeza de que se mandasse seria rejeitado, pelo teor dos
artigos (há uma lista em anexo). Não há espaço para matérias especulativas,
mesmo as superinteressantes. E de todo modo, “quem é você? ” Quem o indicou,
quais os seus feitos na coletividade, etc.?
Isso
me faz pensar em quantos artigos realmente interessante não foram publicados,
ou por terem sido rejeitados ou por não haver estímulo para o aparecimento do
não-conformado, o arrojado, até o disforme das regras socioeconômicas. Não
deveria haver uma revista que publicasse, ou uma Internet que aceitasse artigos
de todo feitio, selecionando-os por suas promessas lógicas e colocando à parte,
para posterior recuperação, os definitivamente estranhos (classificados por
GRAU DE ESTRANHEZA)? Fico imaginando quantas coisas poderão ter deixado de
acontecer porque artigos arrojados não se cruzaram e porisso não se fertilizaram.
A mania humana de pôr de parte o inconformismo pode ter, ao longo da
geo-história, nos causado uma quantidade inimaginável de prejuízos intelectuais
e materiais.
Vitória,
quarta-feira, 20 de novembro de 2002.