Gossip Call
Quando Mário soube que o seriado Gossip
Girl queria dizer algo como garotas-fofoca, ficou deslumbrado; juntando
essa informação com as observações dele sobre a propensão generalizada (na
realidade, como disse a ele, a Curva do Sino garante que tudo seja 50/50 para
os pares polares oposto-complementares, como para tudo, porisso sabemos que
metade não se interessa) das pessoas de fofocarem, quer dizer, passar
informações sobre a vida alheia, nem que sejam informações falsas, ficou
interessadíssimo e colocou o Gossip Call
(call, chamada; gossip, fofoca – centro de fofocas), um sítio de Internet
orientado para a coleta de fofocas de todo tipo em todo lugar.
GOSSIP
GIRL, A INSPIRAÇÃO
Dic Michaelis
gos.sip
1 bisbilhotice, tagarelice,
mexerico, fofoca. 2. bisbilhoteiro, mexeriqueiro, tagarela. // vi
bisbilhotar, mexericar, palrar, tagarelar.
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Ele não fazia nada demais, só colhia o
que já tinha sido plantado.
E juntava num mesmo lugar, visando a
comodidade.
Claro que era pago. Muito bem pago.
Ademais, tinha cadastramento muito
sério, a fofoca no Brasil era uma coisa levada muito a sério. A pessoa assinava
um contrato sujeitando-se a não aumentar a fofoca (óbvio, não era cumprido, o
prazer de fofocar está nesse aumento tão delicioso).
Se deu certo?
Tá de brincadeira?
Puta merda, num país que adora o BBB?
Que adora bisbilhotar a vida alheia?
Que vibra com os escândalos de
Brasília em vez de acabar com eles?
Ai, ai, deu super-certo.
Como diz L, póoota que o pariu, foi
demais.
Ele foi contratado com uma grande rede
de TV que negociou com os estrangeiros. Escreveu um livro Best-seller New York
Times (40 semanas em primeiro lugar). Em conjunto com dois psicólogos fez
palestras sobre a necessidade humana de fofocar. O governo o contratou para
separar nas mensagens o que era verdadeiro do que era provavelmente falso. As
forças armadas o contrataram para plantar informações (um derivativo da fofoca,
o boato, desde o simples boato até o boato vil, escandaloso, cruel, desumano e
assim por diante durante a chamada Escalada da Guerra Psicológica de que Bush e
Chaney depois se serviram, naquele episódio do Iraque).
Vibrei por ele. Aliás, tirei uma
lasquinha, tornando-me sócio.
Prestamos serviços a vários políticos,
inclusive uns contra outros, depois outros contra um, foi uma beleza, ganhamos
dinheiro dos dois lados e com uma coisa que nos dava prazer.
É o Brasil.
Serra, quarta-feira, 18 de julho de
2012.
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