sábado, 7 de janeiro de 2017


Artigos da Superinteressante

 

                            A Superinteressante, da Editora Abril, é uma revista que posso reputar maravilhosa, embora seja, e porisso mesmo, de mera divulgação tecnocientífica, e mesmo assim sem o enquadramento que o modelo daria. Como em tudo ela não vai suficientemente fundo. Contudo, com o que faz já está no caminho certo, o que aplaudo.

                            Tenho pensamento que aceita quase tudo, é aberto para quase tudo e quase todos, porisso às vezes tenho expectativas mal-encaixadas quanto à aceitação alheia. Naturalmente a Superinteressante tem uma linha editorial que segrega, seleciona, segundo esta ou aquela visão ou percepção-de-mundo, e não iria aceitar “qualquer um”. Não é propriamente uma revista de divulgação científica de alto nível, mas mesmo assim terá seu estreito canal, certo ou errado, de vazão dos elementos. No amplo espectro dos fazeres humanos ela vai - tentando vender os exemplares - postar-se na relação comercial mais baixa de “alto nível” pretendida pela editora (que tem muitas revistas e responsabilidades) e os editores particulares daquela revista.

                            Eu não mandei, mas tenho certeza de que se mandasse seria rejeitado, pelo teor dos artigos (há uma lista em anexo). Não há espaço para matérias especulativas, mesmo as superinteressantes. E de todo modo, “quem é você? ” Quem o indicou, quais os seus feitos na coletividade, etc.?

                            Isso me faz pensar em quantos artigos realmente interessante não foram publicados, ou por terem sido rejeitados ou por não haver estímulo para o aparecimento do não-conformado, o arrojado, até o disforme das regras socioeconômicas. Não deveria haver uma revista que publicasse, ou uma Internet que aceitasse artigos de todo feitio, selecionando-os por suas promessas lógicas e colocando à parte, para posterior recuperação, os definitivamente estranhos (classificados por GRAU DE ESTRANHEZA)? Fico imaginando quantas coisas poderão ter deixado de acontecer porque artigos arrojados não se cruzaram e porisso não se fertilizaram. A mania humana de pôr de parte o inconformismo pode ter, ao longo da geo-história, nos causado uma quantidade inimaginável de prejuízos intelectuais e materiais.

                            Vitória, quarta-feira, 20 de novembro de 2002.

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