Zékespeare
A mãe era nordestina, o pai inglês,
ficou José Manuel Shakespeare. E como seu parente mais famoso e antigo e nobre
e considerado, o Zé “deu para as letras”, quer dizer, foi ser poeta, só que
poeta da literatura de cordel criador daqueles livrinhos (não é de
desconsiderar, veja a proeza de acharem material para estampar a vida de
Lulambão num livro de cordel de umas 400 ou 500 páginas!) de pendurar em
barbante.
O pessoal da cidadezinha dele não
sabia falar Shakespeare (nem muito menos escrever!), porisso diziam Zéquespier
e assim ele ficou conhecido no meio. Não adiantou nada aquele pessoal de São
Paulo capital interessado na propagação dos valores da LC tentar voltar o nome
dele à origem. Foi inútil. Quando colocaram os cartazes para o evento e o
lançamento dos livretos com o nome inteiro, não apareceu nem um, nem pra remédio;
ele só assinou e colocou dedicatória nos livretos dos próprios organizadores e
amigos.
O pai dele, saindo da Grã-Bretanha
muito cedo para fugir à civilização, não lhe transmitiu ideia do nome, porisso
ele não fazia ideia da honra ligada ao Willian original. Quando tomou contato
com a obra de seu ilustre antepassado através desse pessoal, ficou felicíssimo,
transbordante de orgulho.
E como o “crioulo doido” do Stanislaw
Ponte Preta tratou de fazer literatura calcada no antigo Xeique. Ele foi a
Recife e na Biblioteca Estadual e na Biblioteca Municipal leu a obra completa
do parente. Baixou os e-livros na Internet e se debruçou sobre eles.
A
OBRA DE MESTRE ZÉQUESPIER
(sinto muito, mas aqui não cabe tudo que ele fez, não senhor; vai me desculpar)
DO
WILLIAN
|
DO
ZÉ
|
O Joguinho de Comadres de Conceição
do Mato Dentro.
|
|
O Entardecer de Príncipes (nesse dia
faltou luz e tivemos de antecipar a apresentação).
|
|
O Comerciante de Recife, a Veneza do
Nordeste.
|
|
Doutor Péricles, o Príncipe do Tiro
(aê, Dr. Péricles, o senhor é o maioral).
|
|
Rei Joãozinho Trinta Fica sem Terras
e é Obrigado a Pedir Verbas à Prefeitura.
|
|
Rometa e Julieu ou A Indecente
Beijação na Capela.
|
|
O Boboca que Acreditou nas Promessas
de Carnaval da Paulistinha.
|
|
Coríntia de Atenas Joga com o
Flamenguinho de Sobral e Leva uma Surra Inesquecível.
|
|
Tolo e Casada ou os Infortúnios de
Zé Mané Atrevido que Foi Pegar a Mulé dos Outros (tomô, papudo?!)
|
Veja só o que são os temperos
tropicais...
Mais, o que é o molejo nordestino.
E não é que as peças d0
Shakespeare-tropical passaram a ser freqüentadas? Frequentadíssimas e
comentadíssimas, por sinal, os jornais faziam questão de divulgar, virou Cult,
fenômeno mais que nacional, saiu no New York Times, foi recomendado pelo LA
Chronicles, pelo Corriere
della Sera, pelo The
Guardian, pelo Le Figaro, pela Folha e pelo JB.
É nóis na fita, mano.
Parece que só as coisas do Nordeste
são apreciadas fora do Brasil.
Serra, quarta-feira, 04 de julho de
2012.
OBRAS
DO XEIQUE
Principais obras
Comédias
Tragédias
Dramas históricos
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário