Ex-Comunhão
Vou te contar, não é mole, não.
Ficar por fora das coisas é o fim da
picada.
Nem Facebook, nem Orkut,
nem sequer o Linkedln, que é para trabalho, nenhuma ligação, não falo com
ninguém e ninguém fala comigo.
É de pirar o cabeção.
Nem sequer o Google (nem Google
Earth nem Google Maps, estou impedido de trabalhar), estou enlouquecendo.
Você acredita que voltei a falar pelo
telefone TODAS AS COISAS? As pessoas estão irritadíssimas.
E a Internet sexual?
Não posso acessar, é estarrecedor.
E não é só de casa, não, é de toda
parte, do trabalho também, corri riscos, não consegui, é de dar nó nas tripas.
Um hacker filho da puta qualquer está
me perseguindo. Já fui a Lan House, fui à casa de amigos, usei máquinas de
repartições, não tem jeito, não sei como o safado sabe que sou eu. Acho que
chutei o pau da cruz.
Minha rede social era grande, ela me
apreciava e eu a ela, fui covardemente cortado, fui ex-comungado. Covardes,
crápulas.
REDE
SOCIAL QUE NOS PEGA
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Estou mudo e surdo, capado, inútil.
Estou tão cego quanto, sei lá, as
pessoas estavam em 1990. Como era o mundo antes do Google, antes das redes?
Não sei. Fiz esforço de pensar e fiquei em pânico. Sem o amparo social o que
era das pessoas?
Não poder ouvir nem falar, não poder
ver.
Um idiota disse que eu era prisioneiro
e agora sou livre: quem quer ser livre? Buá, buá, buá.
Claro, ainda há as enciclopédias em
DVD e há tudo que escrevi, estou sendo obrigado a reler e aproveitar para
corrigir.
É assustador.
É como estar na Antártica, com todo
aquele gelo abaixo de si sem poder pegar um pouco de neve para transformar em
água. Está passando aqui ao redor de mim, mas não posso tocar.
Socorro! Alguém me ajude!
Serra, terça-feira, 24 de julho de
2012.
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