Borracharia
Como diria o colega fiscal WC, meu
guru sexual, na hora da borracha não há valente que não conte tudo. Ou, todo
mundo é valente até o cassetete ser puxado.
OS
COMEÇOS, OS MEIOS E OS FINS DA TORTURA
ANTIGUIDADE
(até 476)
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IDADE
MÉDIA (476 a 1453)
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MODERNIDADE
(1453 a 1789)
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CONTEMPORANEIDADE
(até 1991)
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HOJE
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A
TORTURA NA AMÉRICA LATINA
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Quem são os borracheiros?
São funcionários do Estado: dos
patrícios na Antiguidade, dos nobres na Idade Média, dos burgueses na Idade
Moderna e dos capitalistas na Idade Contemporânea. Enfim, dos que têm, mirando
os que não têm. Os que têm, tem o Estado, são donos dele, por mais que disfarcem.
Você nunca ouviu falar de um
maltrapilho torturando um ricaço.
É sempre o contrário (embora não
pareça, porque até para isso os ricaços subcontratam, terceirizam a tortura),
os ricaços, através de seus prepostos, torturando os que almejam afastá-los de
suas posses.
INSTRUMENTOS
DE TORTURA
(tomados como tais, porque existem muitos outros, mais sutis, como péssimas
condições de trabalho)
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OS
OUTROS MODOS DE TORTURAR
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O
HINO DO TORTURADOR
(de Chico e Ruy Guerra)
Fado Tropical
Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal "Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)* Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..." Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do Alentejo De quem numa bravata Arrebato um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal "Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me contesto Se trago as mãos distantes do meu peito É que há distância entre intenção e gesto E se o meu coração nas mãos estreito Me assombra a súbita impressão de incesto Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadora à proa Mas o meu peito se desabotoa E se a sentença se anuncia bruta Mais que depressa a mão cega executa Pois que senão o coração perdoa..." Guitarras e sanfonas Jasmins, coqueiros, fontes Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre Trás-os-Montes E numa pororoca Deságua no Tejo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um império colonial * trecho original, vetado pela censura |
O torturador é um injustiçado, não se
fez justiça do que ele fez. Por exemplo, no Brasil foram todos perdoados na
anistia ampla, geral e irrestrita: nem sombra restou, nem sangue seco, nem
nódoa, nem desmerecimento, nem pesadelo, nem nada.
É a borracharia. Ninguém sabe quem
foi, ninguém quer saber, paira o silêncio (porque tantos torturados no mundo
inteiro não falam, estão “mortos para esta triste vida antiga”).
Serra, sexta-feira, 06 de julho de
2012.
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