segunda-feira, 5 de novembro de 2018


Peter Pó e a Distribuidora Sininho

                                              

Peter, descendente de noruegueses, químico, decidiu colocar no Brasil uma pequena fábrica de sabão em pó, a partir daí sendo conhecido como Peter Pó, o que por aqui dá a entender coisa bem diversa e perversa ligada a cocaína. Não houve jeito de desassociar o nome dele da droga, embora ele tivesse feito de tudo para mudar a imagem.

Como começou a vender o pó de sabão BEM MAIS BARATO num caminhão que ele mesmo dirigia, tocando um sino para avisar as mães da redondeza, o pessoal dizia: “ih, lá vem o sininho”. Quando melhorou a ponto de colocar micro empresa ME, com inscrição estadual no simples nacional, lembrou-se do sino que tocava e colocou o nome de Distribuidora Sininho de Sabão em Pó.

Continuou a dirigir o carro, usando sempre o sino. A criançada fazia a festa correndo atrás do carro e ele dava balas de pura alegria de ter sido aceito pelo bairro e pela cidade. Virou uma fábrica, passou a EPP, empresa de pequeno porte. E foi crescendo.

Ali por perto existia o delegado Capitão Gancho, apelido que lhe veio porque ele batia bem com a direita quando lutador de boxe. Tinha um policial capanga, o Barrica, um gordão com uma fedentina de doer. O Capitão Gancho começou a suspeitar do Peter, achava que ele distribuía drogas através das balas e vivia perseguindo-o por conta do apelido Peter Pó, que nada tinha a ver, era atividade completamente inocente.

PETER, PÃ E A FESTA DOS SENTIDOS (faz muito sentido permanecer correto e honesto)

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Os policiais da quincentésima.
Quem mandou tomar tanto chope?

Pior ainda, o Peter comprou um sítio e passou a convidar pais e mães e filhos e filhas a freqüentar.

Chamou-o de Terra do Nunca:

- nunca mentir;

- nunca transgredir as leis;

- nunca desrespeitar pai e mãe;

- nunca esquecer os deveres escolares;

- nunca falsificar e assim por diante.

O Capitão Gancho, malicioso como era, achava que ele levava as criancinhas para lá para pedofilia, o que Peter nem de longe sonhava. O Capitão Gancho ficava na espreita, de butuca, focado no Peter.

O Capitão metido a besta, achando-se o cavalo do cão, quis certo dia bater no Peter, estando por perto o amigaço Jacaré, cabra nordestino pequeno, mas valente, que entortou a mão do Capitão daquele jeito do cinema, quebrando-lhe todos os dedos, que incharam e gangrenaram, pelo que a mão toda foi amputada, agora sim lhe cabendo um gancho. Daí para frente bastava falar “Jacaré” que o Capitão se cagava todo, embora o Jacaré fosse assim miudinho.

Serra, segunda-feira, 02 de julho de 2012.

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