Peter Pó e a
Distribuidora Sininho
Peter, descendente de noruegueses,
químico, decidiu colocar no Brasil uma pequena fábrica de sabão em pó, a partir
daí sendo conhecido como Peter Pó, o que por aqui dá a entender coisa bem
diversa e perversa ligada a cocaína. Não houve jeito de desassociar o nome dele
da droga, embora ele tivesse feito de tudo para mudar a imagem.
Como começou a vender o pó de sabão
BEM MAIS BARATO num caminhão que ele mesmo dirigia, tocando um sino para avisar
as mães da redondeza, o pessoal dizia: “ih, lá vem o sininho”. Quando melhorou
a ponto de colocar micro empresa ME, com inscrição estadual no simples
nacional, lembrou-se do sino que tocava e colocou o nome de Distribuidora Sininho de Sabão em Pó.
Continuou a dirigir o carro, usando
sempre o sino. A criançada fazia a festa correndo atrás do carro e ele dava
balas de pura alegria de ter sido aceito pelo bairro e pela cidade. Virou uma
fábrica, passou a EPP, empresa de pequeno porte. E foi crescendo.
Ali por perto existia o delegado Capitão
Gancho, apelido que lhe veio porque ele batia bem com a direita quando lutador
de boxe. Tinha um policial capanga, o Barrica, um gordão com uma fedentina de
doer. O Capitão Gancho começou a suspeitar do Peter, achava que ele distribuía
drogas através das balas e vivia perseguindo-o por conta do apelido Peter Pó,
que nada tinha a ver, era atividade completamente inocente.
PETER,
PÃ E A FESTA DOS SENTIDOS
(faz muito sentido permanecer correto e honesto)
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Os policiais da quincentésima.
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Quem
mandou tomar tanto chope?
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Pior ainda, o Peter comprou um sítio e
passou a convidar pais e mães e filhos e filhas a freqüentar.
Chamou-o de Terra do Nunca:
- nunca mentir;
- nunca transgredir as leis;
- nunca desrespeitar pai e mãe;
- nunca esquecer os deveres escolares;
- nunca falsificar e assim por diante.
O Capitão Gancho, malicioso como era,
achava que ele levava as criancinhas para lá para pedofilia, o que Peter nem de
longe sonhava. O Capitão Gancho ficava na espreita, de butuca, focado no Peter.
O Capitão metido a besta, achando-se o
cavalo do cão, quis certo dia bater no Peter, estando por perto o amigaço Jacaré,
cabra nordestino pequeno, mas valente, que entortou a mão do Capitão daquele
jeito do cinema, quebrando-lhe todos os dedos, que incharam e gangrenaram, pelo
que a mão toda foi amputada, agora sim lhe cabendo um gancho. Daí para frente
bastava falar “Jacaré” que o Capitão se cagava todo, embora o Jacaré fosse
assim miudinho.
Serra, segunda-feira, 02 de julho de
2012.
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