Pratiquescola
Com tudo isso de ser superior aqui,
superior ali, “fazer pós” (não é o pessoal das drogas que usa pasta básica para
processar cocaína, “pó”, é a turma da “pós-graduação”, como se fosse passar
blush), as pessoas - no intuito permanente de se engrandecerem, ganhar mais,
vivem no bem-bom, enricar, “encimar” (para criar um novo verbo: ficar acima dos
outros), “furar a bolha de cima” - querem a superioridade e vão aos cursos
universitários.
Leia a cartilha Prisioneiros das Cidades em 175
+ 3 Cartilhas para ver como não há jeito de as pessoas saírem das cidades,
mesmo que teoricamente possam: não arranjariam emprego em Cingapura, não seriam
aceitos pela imigração no Canadá, não teriam dinheiro para viver no México, não
levariam os amigos ao Egito, não levariam os conhecimentos de farmácias,
supermercados e lojas a Porto Seguro.
Em resumo, não há como mudar.
E há o preço das passagens e estadia
lá longe. Na prática, mesmo, só 1 % (um em 100) ou menos, 0,1 ou 0,01 % (um em
mil ou um em 10 mil) poderiam ir agora mesmo, neste instante, por exemplo, Eike
Maravilha, Bill Gates, Carlos Slim e outros que comandam o mundo.
O resto apenas sonha.
Ganhamos os cursos universitários (o
que foi maravilhoso) e perdemos aquela independência antiga de saber uma ou mais
profissões antigas, por exemplo, curtir couros ou fazer macramê ou dobraduras
japonesas ou cozinhar ou costurar ou isso e aquilo. Os homens não tinham acesso
às habilidades femininas, mas as mulheres perderam os acessos que tinham.
NA
PRÁTICA AS ESCOLAS
|
|
|
|
|
|
|
|
ONDE
GOVERNAMENTAIS
|
EMPRESARIAIS
|
SENAI
|
SESI
|
SENAC
|
SESC
|
Cursos de eletricista, tinturaria,
jardinagem, pintura de casas, arranjos florais, tricô e crochê, bombeiro
hidráulico, pedreiro, marceneiro, vidreiro, congelador de comidas, cozinheiro e
outros. Principalmente se for para prazer, para temperar o corpo e a mente,
para acalmar.
Ficamos indefesos, não sabemos fazer
mais nada que dê sustentação básica à vida. Para tudo (exceto nossa profissão)
dependemos de terceiros. A sociedade é um sistema super-poderoso que nos deu
coisas de grande primor, atribuída sua construção longinquamente a uma rede
produtivorganizativa cujo controle está fora de suas mãos.
Do que consumimos quanto sabemos
fazer?
A maioria de nós nada mais sabe fazer,
inclusive cozinhar, porque compra as comidas prontas.
Os sensos nacionais não investigam o
que as pessoas conseguem realizar e se investigassem depararíamos com o fosso
de nossa ignorância. Conforme cresceu a especialização decresceu a
generalização.
Se fosse reunida uma comunidade de 60
famílias, 240 indivíduos, há enorme chance de a grande maioria ser formada em
um ou mais cursos superiores, sem qualquer aporte prático para a vida
independente.
Se subitamente a tecnociência recuasse
80 anos, 95 % ou mais das pessoas morreriam (sem nenhum vírus, bombas PEM,
bombas nucleares ou qualquer ofensa guerreira) meramente porque nada mais
saberiam fazer. Mal e mal cozinhariam, mas não saberiam plantar.
Serra, quarta-feira, 27 de junho de
2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário