Quando
Dei Sugestões ao Lula
Já contei que antes da quarta candidatura de
Lula fui à Ladeira São Bento, na sede do partido no ES, levar um grupo de
sugestões. E agora ao republicar textos do Expresso
222..., vi Sugestões ao Lula no
Livro 12 (este ele não teve como saber, não entreguei).
Como sou simples no modo de viver, penso que
todos são; como não minto, acredito que ninguém o faz – e assim por diante.
Sou crédulo, melhor ser assim que malicioso.
Eu acreditava neles, em Lula e no PT, como
acreditei na boa-fé de Sarney quando lançou seu primeiro plano (embora tenha
denunciado o Plano Cruzado em Linhares).
Depois, Lulambão foi fazendo suas trapalhadas
a serviço dos Grandes Bancos e do Grande Capital, traindo o Brasil de mil modos;
então comecei a detrata-lo sequencialmente nos meus textos (que quase ninguém
leu, se alguém leu).
Desde 2002, passados esses 14 anos e como
Joice Hasselmann disse, podemos ver que foi organização criminosa projetada
para tomar posse do governo brasileiro geral e destruir os instrumentos
administrativos (a ardilosa obra vem desde Sarney: TELEBRAS, ELETROBRAS,
PETROBRAS, BNDES, CEF, etc.), o que ainda está para ser colocado em livro,
espero que logo.
Acredito em todos, porque quero o bem deste
povo brasileiro e de todos do mundo – infelizmente eles zombam, não percebem,
não entendem.
Que enorme decepção com essa gente!
Que criaturas pequenas, ínfimas!
Eles não entenderam mesmo nada.
Vitória, sexta-feira, 6 de janeiro de 2017.
GAVA.
ANEXO
Sugestões ao Lula
Pela primeira vez
votei em presidente, no primeiro turno, no Lula. Não tenho esperanças de que
possa fazer muita coisa, são 500 anos de arrastamento de formidável massa de
débitos populares da burguesia contra apenas quatro de presidência do
primeiro presidente operário, não-elitista. As chances dele são de 1/500 no
primeiro ano a 1/125 no quarto. Como eu disse a amigos, nos seis primeiros
meses as burguesias (interna e externa) estarão contidas pela votação de 60 %
nele, contra 40 % no Serra. Até 10 % das direitas (não existe uma só) votaram
nele, porque o segundo turno é sempre de oposição política total entre
esquerda e direita.
Então, antes de
começar a propaganda eleitoral do primeiro turno, fui à sede do PT em
Vitória, lá na Ladeira São Bento, e dei ao Coser, presidente do partido, umas
ideias: que o Lula deveria deixar de ser metido, ou aparentar isso, e ser
mais humilde, demonstrando simplicidade, tirando o terno, etc. Depois dele
ganhar, fui novamente levar umas sugestões, que estão colocadas em anexo, as
quais duvido tenham tido tempo de aproveitar em 20 e poucos dias entre os
resultados e a nova consulta às urnas.
Disse que das
vezes anteriores o Lula se deixou fotografar no Waldorf Astoria, em Nova
Iorque, um dos hotéis mais caros do mundo, com quartos a mil dólares o dia,
deitado numa cama imensa, refestelado como um paxá. Depois, numa outra
eleição, foi fotografado caminhando sozinho numa estrada, sem ninguém à
direita, ninguém à esquerda, ninguém à frente e ninguém atrás.
Penso que muita
gente quer dar sugestões que facilitem o governo do PT, que vai haver uma
enxurrada de sugestões e que elas tendem a ser ignoradas, em nome de uma
sabedoria absoluta do partido e suas lideranças “históricas” (história de 20
e poucos anos). Essa negação magoará fatalmente a cada um e talvez a todos.
Ao contrário, como sugeri no texto deste Livro, Secretaria das Sugestões,
elas deveriam ser aceitas, após triadas e catalogadas, postas então num
painel. Nenhum mal faria ao PT, ao governo federal, e faria imenso bem poder
se pensar sendo ouvido e, quiçá, um e outro, atendido.
A tendência,
contudo, é que o orgulho do novo rico o faça pensar-se autossuficiente, o que
será uma pena, porque tanto foi apostado.
Vitória,
terça-feira, 12 de novembro de 2002.
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Previsões sobe o Governo Lula
Quando ainda se
chamava Convergência Socialista eu participava em 1977. Depois houve uma
reunião na Cúria Metropolitana, antes de 1980, da qual participamos uns 10,
sobre a ideia de fundação de um Partido dos Trabalhadores. Sai entre 1985 e
1987 porque, eu disse a Reinaldinho, o PT iria trocar sua missão por votos,
ou seja, por evidência. Não deu outra.
Agora, finalmente,
ele chegou à presidência, na quarta candidatura de Lula, que é o primeiro
operário a alcançar tal posto do Brasil, e o primeiro do mundo a atingir tal
proeminência num país de primeira linha em produçãorganização, o Brasil, que
é a quinta economia mundial (considerada a Europa dos 15 como uma só): EUA,
Europa, Japão, China, Brasil.
Está parecendo o
Nixon, que se candidatou tantas vezes e quando foi eleito fez besteira, o que
não desejo de modo algum ao Lula. Ele é de um socialismo brando, enquanto sou
anarco-comunista. Há margens de contenção, tanto a esquerda quanto a direita
olhando-o com um misto de apreensão e repugnância. E quatro anos não são
realmente quase nada, para 500 anos de opressão e desmandos.
Depois, há a
distância extrema de votos, mais de 20 % - sempre que há uma distância assim
tão grande o governante afrouxa o laço e fica gozando o feito, sem trabalhar,
como se isso bastasse. Tradicionalmente não se faz bom governo nestas
condições.
A seguir, é certo
que a direita criará armadilhas e a imprensa direitista publicará toda e
qualquer falha, por menor que seja, destacando-a ao máximo. Há a ideia de
“vingança” dos pobres e miseráveis. Os sem-terra do Rainha (que é de
Linhares) forçarão rumo à Reforma Agrária, esperada em ritmo muito mais
pronunciado; se Lula atender e acelerar ferirá os terratenentes, ao passo que
se não o fizer e retardar irritará o MST, Movimento dos Sem-Terra.
A dialética diz
que tudo que se tenta forçar acumula tensões e resistências. O certo, então,
seria caminhar como se nada fôssemos fazer, mas trabalhando aceleradamente
pelos pontos principais. Lançar alguns balões para distrair a atenção,
enquanto as reformas e transformações fossem sendo plantadas. Como em quatro
anos não se pode fazer muito, é o caso de plantar ATITUDES, modos de
proceder, que serão copiadas pelo governo seguinte. Se o Lula tiver sorte e
puder emplacar um segundo mandato as obras poderão ser ampliadas.
Então, eu vejo que
o governo Lula precisará de um equilíbrio tremendo, além do que pode haver
choque entre os principais intelectuais colaboradores e um
presidente-operário ciumento de suas prerrogativas. Aquela coisa de “mamãe,
olha aonde eu cheguei”. Mostrar para os parentes e amigos, etc.
E há a oposição,
desde a favorável até a intratável, os inimigos de classe mesmo, que farão DE
TUDO, legal ou ilegal, certo ou errado, para minar e destruir a “bandeira
vermelha infiltrada”.
Para além de tudo,
a grande aceitação de um primeiro governo operário real no Brasil, muito
benquisto na Europa, com as visitas e saudações todas, com as comemorações,
com os abraços em Portugal, na Alemanha, na Inglaterra, na França, na
Espanha, em toda parte, tudo isso pode obnubilar a visão reta, turvando-a dos
orgulhos.
E há muito mais
que eu poderia comentar.
SE der certo será
por puro milagre, denotando extraordinária sabedoria e equilíbrio do Lula e
do PT, o que então eu aplaudiria.
Vitória,
sexta-feira, 01 de novembro de 2002.
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