segunda-feira, 14 de agosto de 2017


O Salto Brutal do Menino

 

                            No Modelo da Caverna (para a Expansão dos Sapiens) os homens (machos e pseudofêmeas) são caçadores que iam por vezes muito longe e durante muito tempo e as mulheres (fêmeas e pseudomachos) são coletoras que ficavam, sempre grávidas (evidentemente as fêmeas; menos as inférteis, que pediam para morrer, tão enxovalhadas eram – mas a Natureza as criou mesmo assim). Ficavam com 80 a 90 % (50 % eram elas; 25 % os meninos; mais velhos, doentes, aleijados – muitos desses se suicidavam -, anões e anãs; além de cachorros de boca pequena e gatos; era uma algazarra danada) da coletividade.

                            Ora, aos 13 anos (sigamos os judeus nisso) o garoto atravessava o “rito de passagem” (que a menina não tinha, pois ocultava a primeira menstruação, não apenas com medo dos homens quanto principalmente das mulheres, que as viam como competidoras). Esse ritual era MUITO brutal, muito violento, porque se tratava de arrancá-lo de sua condição feminina, passando-o à condição masculina.

A PRIVAÇÃO DO MENINO (era arrasadora, preparada tanto pelas mudanças naturais, biológicas/p.2, quanto pelas artificiais, psicológicas/p.3)

PRIVAÇÃO
O QUE ERA TIRADO
Alimentos fartos
Vindos da coleta, sempre possível, e das reservas ou estoques na caverna
Folguedos, festas
Brincadeiras, identidade, sentido de liberdade sem responsabilidade
Língua materna, a Língua das Mulheres
O burburinho, o falar alto, a gritaria (na caça não faz sentido chamar a atenção do predador e o silêncio é grandemente prezado)
Proteção
As paredes físicas da caverna e o amparo do coletivo
Proximidade
Identidade com todos e cada um (doravante, se ele não se cuidasse seria comido impiedosamente)
Vigilância
80 a 90 % dos olhos (os meninos eram particularmente apreciados e festejados pelas mães)

Era mudança da água para o vinho. De paparicado e adulado ele se via de agora em diante abandonado e espezinhado, não só tratado como o último (o que era realmente, o mais novo, o recém-chegado), como principalmente sendo obrigado a fazer todas as tarefas degradantes, como buscar coisas para os outros (até hoje a pior humilhação para um garoto, um adolescente, é justamente ser mandado em busca de algo), carregar objetos, não participar das “conversas dos homens” e assim por diante.

Não podia ser diferente disso e a Margareth Mead errou feio.

É um fosso e não admira mesmo nada que os garotos se sintam torturados, embora as meninas nem tanto (exceto na menstruação, que antigamente se davam muito mais cedo, aos 8 anos). Durante uns, digamos, sete anos ele vivia alucinado, tanto pelas novas drogas biológicas fabricadas e injetadas pelo organismo quanto pela coletividade. Não podia mais ser menino e não era ainda homem, vivia num limbo horroroso.

Agora, pense que desses adolescentes gerais vêm os adultos que somos, para ficar estarrecido que as coisas não sejam piores do que são.
                            Vitória, domingo, 12 de dezembro de 2004

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