O Salto Brutal do
Menino
No Modelo da Caverna
(para a Expansão dos Sapiens) os homens (machos e pseudofêmeas) são caçadores
que iam por vezes muito longe e durante muito tempo e as mulheres (fêmeas e
pseudomachos) são coletoras que ficavam, sempre grávidas (evidentemente as
fêmeas; menos as inférteis, que pediam para morrer, tão enxovalhadas eram – mas
a Natureza as criou mesmo assim). Ficavam com 80 a 90 % (50 % eram elas; 25 %
os meninos; mais velhos, doentes, aleijados – muitos desses se suicidavam -,
anões e anãs; além de cachorros de boca pequena e gatos; era uma algazarra
danada) da coletividade.
Ora, aos 13 anos
(sigamos os judeus nisso) o garoto atravessava o “rito de passagem” (que a
menina não tinha, pois ocultava a primeira menstruação, não apenas com medo dos
homens quanto principalmente das mulheres, que as viam como competidoras). Esse
ritual era MUITO brutal, muito violento, porque se tratava de arrancá-lo de sua
condição feminina, passando-o à condição masculina.
A
PRIVAÇÃO DO MENINO
(era arrasadora, preparada tanto pelas mudanças naturais, biológicas/p.2,
quanto pelas artificiais, psicológicas/p.3)
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PRIVAÇÃO
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O
QUE ERA TIRADO
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Alimentos fartos
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Vindos da coleta, sempre possível, e
das reservas ou estoques na caverna
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Folguedos, festas
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Brincadeiras, identidade, sentido de
liberdade sem responsabilidade
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Língua materna, a Língua das
Mulheres
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O burburinho, o falar alto, a
gritaria (na caça não faz sentido chamar a atenção do predador e o silêncio é
grandemente prezado)
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Proteção
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As paredes físicas da caverna e o
amparo do coletivo
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Proximidade
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Identidade com todos e cada um
(doravante, se ele não se cuidasse seria comido impiedosamente)
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Vigilância
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80 a 90 % dos olhos (os meninos eram
particularmente apreciados e festejados pelas mães)
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Era mudança da água para o vinho. De
paparicado e adulado ele se via de agora em diante abandonado e espezinhado,
não só tratado como o último (o que era realmente, o mais novo, o
recém-chegado), como principalmente sendo obrigado a fazer todas as tarefas
degradantes, como buscar coisas para os outros (até hoje a pior humilhação para
um garoto, um adolescente, é justamente ser mandado em busca de algo), carregar
objetos, não participar das “conversas dos homens” e assim por diante.
Não podia ser diferente disso e a Margareth
Mead errou feio.
É um fosso e não admira mesmo nada que
os garotos se sintam torturados, embora as meninas nem tanto (exceto na
menstruação, que antigamente se davam muito mais cedo, aos 8 anos). Durante
uns, digamos, sete anos ele vivia alucinado, tanto pelas novas drogas
biológicas fabricadas e injetadas pelo organismo quanto pela coletividade. Não
podia mais ser menino e não era ainda homem, vivia num limbo horroroso.
Agora, pense que desses adolescentes
gerais vêm os adultos que somos, para ficar estarrecido que as coisas não sejam
piores do que são.
Vitória, domingo, 12
de dezembro de 2004
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