segunda-feira, 28 de agosto de 2017


A Distância que o Racional Está de “Tudo” ou A Notícia de que a Razão é Redução

 

                            Quando uma pessoa chega de longe e, de ter ficado largo tempo fora, alguns dizem “fale tudo”, não é possível realmente falar tudo, exceto para o Um, o que deu o salto para o não-finito, o que chamam de Deus, Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI; fora ele, é impossível, porque estar no racional é justamente indício ou indicação de parcialidade. O “tudo” de que ser quer notícia é engendrado no real, porisso é finito, mas a elaboração dele PODE dar-se no não-finito, porisso não pertence à órbita da racionalidade. Falar é SEMPRE produzir parte, notícia incompleta. Um único segundo, sob o não-finito, poderia desdobrar-se fractalmente, quer dizer, fora do racional, infinitamente, para sempre. Só o UM pode “falar tudo”.

                            A razão é sempre redução.

                            O próprio nome indica: p/q é uma razão (verdadeira, porque as razões do tipo 5/4 são impróprias ou compostas, neste caso de 1 + ¼). Assim, quando tenhamos dito “você tem razão” queremos do lado contrário significar de fato que falta um tanto, que quem afirma pode até não reconhecer, e quem ouve também.

                            Essa é uma notícia que deveria nos contentar, porque ninguém está obrigado a ser perfeito, dado que, como disse Gilberto Gil na música, “a perfeição é uma meta”, está além do racional atingi-la. Se não podemos atingir, não ficaremos frustrados de não chegar além do assintótico, ou seja, de precisarmos dos outros racionais para prosseguir. Tal fundamental compreensão instala a coletividade, o trabalho conjunto, o que é uma alegria a mais, desdobrada da primeira afirmação.

                            Vitória, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005.

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