domingo, 27 de agosto de 2017


O Mar Durante W e a Vida Marinha Durante <W>

 

                            W é a Glaciação de Wisconsin, durante a qual o nível dos oceanos teria descido 160 m. <W> é o interlúdio ao fim de W, quando em mil anos houve o descongelamento.

                            Durante W, de 115 a 10 mil anos atrás pouco chovia, a temperatura era MUITO MAIS fria, o ar era seco e quase sem umidade, as florestas só existiam em volta do equador de temperaturas e dos trópicos de então (não se situavam como agora em volta dos trópicos geográficos, a 23,5º de cada lado do equador), a vida rareou bastante, a caça era pouca, viver era penoso para os neandertais e os cro-magnons, a vida-racional engatinhou durante largo tempo.

                            Mas pelo menos era estável.

                            Ruim, muito frio, mas estável e confiável, as coisas não mudaram quase nada durante (115 – 10) 105 mil anos.

                            Então, subitamente, sem quê nem para quê, o tempo mudou e veio o descongelamento assombroso: em apenas mil anos, 1/100 daquele período (compare nossas 16 horas despertas com 9,6 minutos, menos de 10 minutos – por comparação com 16 horas 10 minutos passam muito depressa) o mundo esquentou à bessa (para eles), choveu sem parar, os mares subiram 16 cm POR ANO (em 30 anos de vida seriam quase cinco metros), as florestas se expandiram muito rápido, o número de animais cresceu desmesuradamente também, passou a haver mais doenças (vírus gostam de temperaturas altas), a movimentação foi geral, os racionais se lançavam de um lado para outro – mas chovia, chovia e chovia sem parar POR MIL ANOS.

                            Ora, durante W havia muito menos água nos oceanos, incidia neles menos luz e calor do Sol, os oceanos eram em média mais frios, os peixes eram outros (é preciso estudar detalhada e longamente essa condição dos mares), mas o tempo era firme, garantido, não modificava nada, o tempo se sucedia relativamente o mesmo durante largas gerações, como em nossa época.

                            Depois, em <W> foi um “Deus nos acuda”, pois o céu estava desabando. Fora os efeitos produzidos em terra, o que acontecia no mar com tantas chuvas? Desciam muito mais restos das terras e de todo modo a superfície estava o tempo todo salpicada de gotas, mudando ali a salinidade das águas; de fato era como se houvesse um lago contínuo sobre todos os oceanos do planeta. Todos tiveram de se adaptar, especialmente os peixes, porque de habitantes de sopa densa (ainda que fria) num prato muito menor eles passaram a ser castigados ininterruptamente, o tempo todo, pelas chuvas copiosas. Não sei se os pingos trazendo oxigênio oxigenavam a superfície ou em que medida o faziam – será preciso que os tecnocientistas respondam por isso consultando as equações e os experimentos. É necessário modelar <W> nas máquinas para ver o cenário na superfície e a mi metros de profundidade (10, 20, 40, 80 m ou o que for) em cada área da terra conforme as temperaturas, as ondas, as marés, as estações, os peixes ali existentes (sem falar nos mamíferos marinhos). São excepcionais exercícios para os tecnocientistas e produzirão bons documentários, ajudando a introduzir diversidade nas escolas, atraindo muito mais gente para a geologia, a paleontologia, a antropologia e até a arqueologia (pois Jericó já havia nascido).

                            Enfim, há muito a fazer.

                            Vitória, terça-feira, 01 de fevereiro de 2005.

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