O Mar Durante W e a
Vida Marinha Durante <W>
W é a Glaciação de
Wisconsin, durante a qual o nível dos oceanos teria descido 160 m. <W> é
o interlúdio ao fim de W, quando em mil anos houve o descongelamento.
Durante W, de 115 a
10 mil anos atrás pouco chovia, a temperatura era MUITO MAIS fria, o ar era
seco e quase sem umidade, as florestas só existiam em volta do equador de
temperaturas e dos trópicos de então (não se situavam como agora em volta dos
trópicos geográficos, a 23,5º de cada lado do equador), a vida rareou bastante,
a caça era pouca, viver era penoso para os neandertais e os cro-magnons, a
vida-racional engatinhou durante largo tempo.
Mas pelo menos era
estável.
Ruim, muito frio,
mas estável e confiável, as coisas não mudaram quase nada durante (115 – 10)
105 mil anos.
Então, subitamente,
sem quê nem para quê, o tempo mudou e veio o descongelamento assombroso: em
apenas mil anos, 1/100 daquele período (compare nossas 16 horas despertas com
9,6 minutos, menos de 10 minutos – por comparação com 16 horas 10 minutos
passam muito depressa) o mundo esquentou à bessa (para eles), choveu sem parar,
os mares subiram 16 cm POR ANO (em 30 anos de vida seriam quase cinco metros),
as florestas se expandiram muito rápido, o número de animais cresceu desmesuradamente
também, passou a haver mais doenças (vírus gostam de temperaturas altas), a
movimentação foi geral, os racionais se lançavam de um lado para outro – mas
chovia, chovia e chovia sem parar POR MIL ANOS.
Ora, durante W havia
muito menos água nos oceanos, incidia neles menos luz e calor do Sol, os
oceanos eram em média mais frios, os peixes eram outros (é preciso estudar
detalhada e longamente essa condição dos mares), mas o tempo era firme,
garantido, não modificava nada, o tempo se sucedia relativamente o mesmo
durante largas gerações, como em nossa época.
Depois, em <W>
foi um “Deus nos acuda”, pois o céu estava desabando. Fora os efeitos
produzidos em terra, o que acontecia no mar com tantas chuvas? Desciam muito
mais restos das terras e de todo modo a superfície estava o tempo todo
salpicada de gotas, mudando ali a salinidade das águas; de fato era como se
houvesse um lago contínuo sobre todos os oceanos do planeta. Todos tiveram de
se adaptar, especialmente os peixes, porque de habitantes de sopa densa (ainda
que fria) num prato muito menor eles passaram a ser castigados
ininterruptamente, o tempo todo, pelas chuvas copiosas. Não sei se os pingos
trazendo oxigênio oxigenavam a superfície ou em que medida o faziam – será
preciso que os tecnocientistas respondam por isso consultando as equações e os
experimentos. É necessário modelar <W> nas máquinas para ver o cenário na
superfície e a mi metros de profundidade (10, 20, 40, 80 m ou o que
for) em cada área da terra conforme as temperaturas, as ondas, as marés, as
estações, os peixes ali existentes (sem falar nos mamíferos marinhos). São
excepcionais exercícios para os tecnocientistas e produzirão bons
documentários, ajudando a introduzir diversidade nas escolas, atraindo muito
mais gente para a geologia, a paleontologia, a antropologia e até a arqueologia
(pois Jericó já havia nascido).
Enfim, há muito a
fazer.
Vitória,
terça-feira, 01 de fevereiro de 2005.
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