O Pantanal
Mato-grossense de Linhares
Neste Livro 104, no
artigo O Páleo-Rio Doce, vimos que
na mais recente glaciação - a de Wisconsin - a água desceu 160 metros. Claro, o
mar podia ser visto muito mais distante de onde está hoje vários quilômetros,
mas se havia um canhão, um precipício que para baixo dos 28 metros atuais do
promontório da cidade sobre o rio desceria no total até perto dos 200 metros,
também é verdade que esse buraco se estenderia para dentro, para os lados de
Colatina, até lá por Humaitá ou onde fosse, em todo caso uns 60 a 80 km de onde
está a foz do rio hoje em Regência/Povoação.
De Aracruz até
Conceição da Barra existiu, portanto, uma páleo-lago que ao ir secando
constituiu um imenso (para o Espírito Santo) pantanal, semelhante em profusão
de vida ao atual Pantanal Mato-grossense. Até nossos tempos, até 1963, quando
chegamos à cidade, lá era uma espécie de selva amazônica muito copiosa em vida,
o que nos faz pensar quanto mais terá sido 10 mil anos para trás e antes ainda
por outros milhares até 115 mil anos passados, quando se iniciou Wisconsin.
Para resumir:
A) Foi lago de 115 até 10 mil anos atrás;
B) Não sei durante quanto tempo foi
pantanal, como o Mato-grossense hoje (pegamos ainda um resto na Suruaca,
esgotada com a ajuda dos canadenses);
C) Depois foi floresta luxuriante, como a
amazônica hoje (e será deserto de areia, criação acelerada desde 1975).
Imagine só a vista há, digamos, cinco
mil anos, três mil anos antes de Cristo com milhares e centenas de milhares de
pássaros e patos, com crocodilos, com peixes gigantescos (de vários metros),
com todo tipo de vida marinha e de água doce, pois estavam se mesclando as
águas, dado que o rio Doce ia ocupando os baixios quando a linha de praia foi
formada pelo nível definitivo, oito mil anos antes de Cristo. Devia ser algo de
realmente espantoso, de encher os olhos; mesmo quando os europeus chegaram, há
500 anos ainda devia ser muito rico. Os índios vieram em duas levas há 15 e 12
mil anos, mas não sei quando precisamente os goitacás chegaram às margens da
grande lagoa que morria. Devem ter ficado absolutamente deslumbrados, porque
também não era mata indevassável como na Amazônia – não era nem de longe tão
grande. Havia montanhas em volta, lá por Rio Bananal, de onde se podia avistar
todo o cenário. Que beleza estonteante! Ficará lindíssimo em computação
gráfica.
Vitória, sábado, 18 de dezembro de
2004.
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