segunda-feira, 28 de agosto de 2017


Os Marcadores da Lagoona de Iucatã

 

                            Já vimos que as lagoonas se formam de dois modos: 1) dando para o mar, pelo lado de fora, continuamente nas bordas continentais externas; 2) nas bordas continentais internas, nos Lobatos, pelo lado de dentro uma vez só.

                            Há um terceiro modo, a queda de flecha.

                            Vimos raciocinando sobre as flechas e chegamos a um novo e emocionante capítulo geológico, como pudemos ler no texto anterior desde Livro 107, As Aluviões do Panelão.

                            A QUEDA EM IUCATÃ, MÉXICO (visão artística)


O BURACÃO QUE FICOU (visto de cima)


O mecanismo nós já conhecemos: o paredão de água forma a linha de praia ou linha-de-costa exatamente onde ela está agora (mas varia muito nas glaciações, indo e vindo em relação à linha atual, para dentro e para fora do continente).

O que esse panelão tem de especial é que metade dele ficou no mar e metade em terra (isso o torna especialíssimo) e assim as vidas-marcadoras, como as conchas, pautaram diferenças, porque no mar a operação de fechamento e redefinição é quase instantânea (a água esfria o lugar muito rápido, ao passo que em terra é consideravelmente mais lento e as plantas demoram a chegar).

É o mesmo panelão, só que dividido em dois, quase que em metades, cada lado mudando a taxas MUITO DISTINTAS. Por assim dizer a vida marinha (recomposição a partir dos 30 % de espécies que sobraram) fez o dever de casa bem rápido e talvez apenas alguns milhares de anos depois já deviam estar prosperando furiosamente as espécies locais, enquanto em terra talvez tenha demorado milhões de anos até recomposição completa. Só as pesquisas dos tecnocientistas vão poder afirmar com segurança. Em todo caso, o paredão de água forma a linha de praia já. E como dentro segue aquele ritmo (lagoona salgada, lagoona doce, etc.) a vida de dentro é separada da de fora. Depois que chega a fase de planície tudo muda muito lentamente (por comparação com o mar aberto). Assim, é um lugar a ser estudado atenta e vagarosamente, com muito detalhe, micrometricamente.

Os marcadores devem ter proporcionado desenhos interessantíssimos. É uma raríssima oportunidade, essa de a flecha cair exatamente na praia. Os matemáticos poderiam calcular as chances.

Vitória, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005.

Nenhum comentário:

Postar um comentário