Os Marcadores da
Lagoona de Iucatã
Já vimos que as
lagoonas se formam de dois modos: 1) dando para o mar, pelo lado de fora,
continuamente nas bordas continentais externas; 2) nas bordas continentais
internas, nos Lobatos, pelo lado de dentro uma vez só.
Há um terceiro modo,
a queda de flecha.
Vimos raciocinando
sobre as flechas e chegamos a um novo e emocionante capítulo geológico, como
pudemos ler no texto anterior desde Livro 107, As Aluviões do Panelão.
A QUEDA EM IUCATÃ, MÉXICO (visão artística)
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O
BURACÃO QUE FICOU
(visto de cima)
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O mecanismo nós já conhecemos: o
paredão de água forma a linha de praia ou linha-de-costa exatamente onde ela
está agora (mas varia muito nas glaciações, indo e vindo em relação à linha
atual, para dentro e para fora do continente).
O que esse panelão tem de especial é
que metade dele ficou no mar e metade em terra (isso o torna especialíssimo) e
assim as vidas-marcadoras, como as conchas, pautaram diferenças, porque no mar
a operação de fechamento e redefinição é quase instantânea (a água esfria o
lugar muito rápido, ao passo que em terra é consideravelmente mais lento e as
plantas demoram a chegar).
É o mesmo panelão, só que dividido em
dois, quase que em metades, cada lado mudando a taxas MUITO DISTINTAS. Por assim
dizer a vida marinha (recomposição a partir dos 30 % de espécies que sobraram)
fez o dever de casa bem rápido e talvez apenas alguns milhares de anos depois
já deviam estar prosperando furiosamente as espécies locais, enquanto em terra
talvez tenha demorado milhões de anos até recomposição completa. Só as
pesquisas dos tecnocientistas vão poder afirmar com segurança. Em todo caso, o
paredão de água forma a linha de praia já. E como dentro segue aquele ritmo
(lagoona salgada, lagoona doce, etc.) a vida de dentro é separada da de fora.
Depois que chega a fase de planície tudo muda muito lentamente (por comparação
com o mar aberto). Assim, é um lugar a ser estudado atenta e vagarosamente, com
muito detalhe, micrometricamente.
Os marcadores devem ter proporcionado
desenhos interessantíssimos. É uma raríssima oportunidade, essa de a flecha cair
exatamente na praia. Os matemáticos poderiam calcular as chances.
Vitória, terça-feira, 08 de fevereiro
de 2005.
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