O Panelão de
Diamantes de Minas
Em vários textos
deste Livro 107 falei das flechas (meteoritos e cometas) que caem e da produção
de diamantes. Vá, por exemplo, ler As
Flechas e o Petróleo Embaixo.
Noutros textos
contei que vi num certo mapa no começo da década dos 1970 na CVRD (onde meu
irmão, que era funcionário dela em Sooretama, Linhares, ES, me levou), no
edifício Fábio Rushi, centro de Vitória; no canto da memória avaliei que deve
ter uns 600 a 800 km de diâmetro, pelo quê o comprimento do meteorito deve ser
de 30 a 40 km – terá sido aquele que há 273 milhões de anos separou o Brasil da
África, empurrando os dois continentes em sentidos contrários na direção
Nordeste-Sudoeste.
A cratera da flecha
é um buracão, um panelão, com bordas circulares e uma fossa gigantesca, devido
à energia que ela comunica ao solo, do tamanho de E = mv2/2. É muita
coisa e os tecnocientistas deveriam se debruçar ardente e constantemente sobre
essa questão, que é uma das mais fascinantes. Em particular, se for verdade, isso
nos toca de perto, literalmente, porque fica no Brasil e, se for mesmo em Minas
Gerais, do lado do Espírito Santo. Pelo tamanho, se calhou de ter petróleo
embaixo (as chances são pequenas, o Planalto Brasileiro é um cráton que existe
desde os primórdios, desde quatro bilhões de anos atrás) deve haver muito
diamante lá embaixo. Se não havia petróleo, como é a chance maior, então não;
mas em outros lugares sim, com toda certeza. Mesmo havendo poucos diamantes
ainda existirão alguns, porque aberto o buraco o meteorito os terá trazido de
baixo, rebentando a crosta como que para uma operação; sem falar em outras
coisas trazidas, como inúmeros metais e outras pedras preciosas. Enfim, vale
muito a pena procurar. Caindo com tal violência, provocando o amolecimento
geral do cráton naquele ponto deve ter feito emergir uma quantidade de
elementos, fazendo mesmo de MG uma grande província para mineração.
Em todo caso, caindo
um grande a cada 26 milhões de anos, desde o começo da Vida na Terra há 3,8
bilhões de anos terão sido pelo menos 146 desses, mais os pequenos, havendo,
portanto, outras tantas crateras, talvez centenas, e daí muitos e muitos
panelões, que são berçários-de-diamantes, porque a maioria dos lugares não é,
como no Brasil, cráton profundo.
Vitória, sexta-feira,
04 de fevereiro de 2005.
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