O Páleo-Rio Doce
Como já disse várias
vezes, deduzi que as lagoas estavam alinhadas, mostrando um antigo lago, medi
com papel milímetro (contei os quadradinhos, e os meios-quadrados como
triângulos, somei tudo e obtive a informação nem tão imprecisa de) 2,0 mil km2.
Enviei as conclusões à Petrobrás e o presidente dela ordenou que um geólogo
fosse se encontrar comigo lá no posto de gasolina que foi do meu pai e da minha
mãe.
AS LAGOAS (que alinhadas são!)
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Repare que estão na parte mais verde e
mais baixa. O alinhamento é ainda mais preciso que isso, levando-se em conta as
outras lagoas. Havia uma GRANDE páleo-lagoa que ia de Aracruz a São Mateus
(depois descobriram ali uma reserva imensa de sal-gema, que resta inexplorada).
O Rio Doce passou a desaguar onde (aproximadamente) está hoje, fechou o
continente no ES com areia, formando as praias e definindo os depósitos de
terra ou aluviões; formou imensos pântanos, onde a vida borbulhava intensamente
numa grande festa (os alagados agora secos de Sooretama não passavam de
fichinha perto daquilo – da mesma ordem de grandeza do Pantanal
Mato-grossense). Depois tudo foi ocupado pela floresta que, em toda a sua
exuberância que ainda tinha em 1963 quando chegamos a Linhares, é todavia de
menos de 10 mil anos.
O
LAGOÃO DE ARACRUZ A SÃO MATEUS
(dois mil km2 de sal-gema, uma das maiores reservas do mundo)
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Então eu disse que o Rio Doce
desaguava outrora em Humaitá, no distrito de São Rafael, Linhares, bem lá para
dentro 60 km de onde a foz está agora, onde devem ser procurados os sambaquis,
pois até há 10 mil anos passados, até o fim da Glaciação de Wisconsin, o mar
estava 160 metros mais baixo e havia um canhão, não se dando a delimitação destas
de agora e sim de outras lagoas (quer dizer que estas de agora têm menos de 10
mil anos). Evidentemente os índios das levas de 15 e de 12 mil anos atrás
viveram (se chegaram a tempo) às margens de OUTRAS ÁGUAS (outros rios, outros
lagos, outros mares, outras chuvas). Medindo com a “ferramenta de medição” do Atlas Encarta dá 80 km até Bela Vista
seguindo as margens do Rio Doce.
TUDO
ERA TÃO RECUADO NO PASSADO!
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UMA
ILUSÃO ATUAL
(entre tantas; as coisas mudam muito, nossas vidas é que são curtinhas) – ainda
em nossas vidas a foz do Rio Doce tem mudado constantemente. Isso não é contado
nas escolas.
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Ninguém, nas aulas de geografia e de
história, fala do RITMO DE MUDANÇAS, isto é, de quanto devemos nos precaver por
unidade de tempo; não falam de SENSIBILIDADE GEOGRÁFICA, de transformação do
espaço presente, nem de SENSIBILIDADE HISTÓRICA, de alterações do tempo
passado.
Quanto devemos esperar que o
espaçotempo tenha mudado em, digamos, passadas de 10 anos (2000, 1990, 1980 ...,
200, 190, etc.), se estivermos estudando geografia ou história? Ou de 1.000
anos, de estivermos estudando paleontologia ou geologia? Como estarão os
AMBIENTES (mundo, nação-Brasil, estado-Espírito Santo,
cidade/município-Vitória), para neles se posicionarem as PESSOAS (empresas,
grupos, famílias e indivíduos) em 2010, 2020, 2030, 2040 ...? Por não terem capacidade
de previsão os governos condenaram a comunidade de Conceição da Barra, pois lá o
mar vem tomando a praia há 15 anos.
Em resumo: com tão pouco se teria
descoberto tanto e teria sido possível ajudar mais todo mundo e cada um.
Os governempresas não se preocupam com
a coletividade.
Vitória, domingo, 12 de dezembro de
2004.




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