sexta-feira, 11 de agosto de 2017


Juízo Leve e Transparente

 

                            Estando no Tribunal do Júri (agora chamado pomposamente Conselho de Sentença, porque não apenas julga, como era antes mais maciamente, como também condena automaticamente, tirando mais esse encargo das costas dos juízes e da Justiça humana), posso ver que os locais, as salas do Tribunal são velhas e tacanhas, coisa do século XIX pesado e castrador. O Poder Judiciário não foi democratizado nem renovado, como tantas coisas, e a informatização é mais um ícone do que uma realidade efetiva.

                            O Juizado não é leve, nem transparente. Não é leve, é pesado, carregado, opressivo, enfadonho, cansativo. Não é transparente, é escuro, sombrio, opaco. Não há quem trabalhe para melhorá-lo, porque os juízes mais antigos insistem nessa assombrosa demonstração de força pela inércia do Poder Judiciário. Um jovem desembargador do ES, em especial, lutou para dar agilidade ao Poder (foi porisso que foi guindado à posição de desembargador sendo tão jovem), mas não vemos que sua iniciativa tenha tido significado total.

                            Se eles procedem assim é porque não amam o povo, sentem-se distantes e alienados do povo brasileiro, que só serve coletivamente (pois sempre existem os exemplos individuais de bondade e correção) para seus propósitos de extração. Se amassem o povo se aproximariam dele e se tornariam transparentes, o que significaria livrarem-se de todos os impedimentos, de todos os obstáculos à aproximação e à visão dos interiores. Teriam um jornal realmente identificado com o povo, explicando em minúcias. Se o povo não confia em seu instrumento de Justiça (humana) eventualmente apelará para a chamada “justiça mais alta”, a divina, e arrasará o judiciário. Se amassem o povo procurariam levar a gente toda e as crianças lá para dentro, dariam entrevistas, publicariam organogramas mostrando a árvore de dependências, listariam os processos, agilizariam 10 ou 100 vezes o ritmo atual e assim por diante. Estudariam o Poder Judiciário tanto prática quanto teoricamente.

                            Não amam o povo. Sequer amam as elites, porque estão arranjando agora mesmo problemas para o futuro, o que fatalmente desabará sobre o PJ e a burguesia, além de emperrar e custar muito mais agora. Em resumo, o PJ é um índice de baixíssimo rendimento material e espiritual, é um entrave poderoso à marcha da civilização (em toda parte, especialmente no Brasil).

                            Vitória, quinta-feira, 02 de dezembro de 2004.

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