sexta-feira, 11 de agosto de 2017


Guerreiros e Pazeiros

 

                            Guerreiros são os que fazem a guerra, palavra que forma par polar oposto/complementar com a paz. Porém, se temos nome para a que custa mais, e tanta dor e destruição, não temos para a que custa menos e é benéfica: fazer a paz não tem palavra que a signifique, porque não há profissão, ou seja, quem denominar com ela.

                            Embora cada país tenha centenas, milhares, centenas de milhares e até milhões de guerreiros, não há UM SÓ “pazeiro”, fazedor de paz no mundo inteiro. O que há, isso sim, é peacemaker (paz-fazer, palavra composta no inglês, usada nos EUA). Contudo, fazedores de paz enquanto grupo permanente não há. Os soviéticos contaram 14 mil guerras, mas não há indicação de nenhuma paz preparada – a paz é meramente o fim da guerra. Parece que estamos sempre fazendo guerras, mas não nos preocupamos com o que é mais importante para nós.

                            Você conhece alguma ONG (organização não-governamental) ou órgão da ONU encarregado permanentemente de fazer a paz? O que acontece é que quando há alguma guerra em curso um grupo é criado às pressas, mas não é permanente isso, não é seqüencial, não se cobra resultados no sentido de ensinar nas escolas, nas repartições, nas fábricas o valor da paz. É uma situação de desequilíbrio, você há de convir. Se a guerra é estado de doença deveríamos estabelecer regras para retornar ao equilíbrio, à paz. Enquanto o orçamento mundial para a guerra é de um trilhão de dólares, quanto é destinado à paz?

                            Temos nomes para tantas coisas, no português mais de 200 mil vocábulos, no inglês mais de 500 mil, mas não há uma palavra para o fazedor de paz porque não há fazedores de paz. Nunca houve, o que vem a ser completamente extraordinário. Há venda de armas de fogo e um tempo atrás até havia propaganda delas, mas não há propaganda da paz, das vantagens da paz, do sossego, da tranqüilidade, do desarmamento do corpo e do espírito. Admira muito que haja tanto morticínio?

                            Vitória, segunda-feira, 06 de dezembro de 2004.

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