Guerreiros e Pazeiros
Guerreiros são os
que fazem a guerra, palavra que forma par polar oposto/complementar com a paz.
Porém, se temos nome para a que custa mais, e tanta dor e destruição, não temos
para a que custa menos e é benéfica: fazer a paz não tem palavra que a
signifique, porque não há profissão, ou seja, quem denominar com ela.
Embora cada país
tenha centenas, milhares, centenas de milhares e até milhões de guerreiros, não
há UM SÓ “pazeiro”, fazedor de paz no mundo inteiro. O que há, isso sim, é
peacemaker (paz-fazer, palavra composta no inglês, usada nos EUA). Contudo,
fazedores de paz enquanto grupo permanente não há. Os soviéticos contaram 14
mil guerras, mas não há indicação de nenhuma paz preparada – a paz é meramente
o fim da guerra. Parece que estamos sempre fazendo guerras, mas não nos
preocupamos com o que é mais importante para nós.
Você conhece alguma
ONG (organização não-governamental) ou órgão da ONU encarregado permanentemente
de fazer a paz? O que acontece é que quando há alguma guerra em curso um grupo
é criado às pressas, mas não é permanente isso, não é seqüencial, não se cobra
resultados no sentido de ensinar nas escolas, nas repartições, nas fábricas o
valor da paz. É uma situação de desequilíbrio, você há de convir. Se a guerra é
estado de doença deveríamos estabelecer regras para retornar ao equilíbrio, à
paz. Enquanto o orçamento mundial para a guerra é de um trilhão de dólares,
quanto é destinado à paz?
Temos nomes para
tantas coisas, no português mais de 200 mil vocábulos, no inglês mais de 500
mil, mas não há uma palavra para o fazedor de paz porque não há fazedores de
paz. Nunca houve, o que vem a ser completamente extraordinário. Há venda de
armas de fogo e um tempo atrás até havia propaganda delas, mas não há propaganda
da paz, das vantagens da paz, do sossego, da tranqüilidade, do desarmamento do
corpo e do espírito. Admira muito que haja tanto morticínio?
Vitória,
segunda-feira, 06 de dezembro de 2004.
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