A Loucura de Krishna
Quando Eli Desce e a Escolha de Cristo
Dizem os hindus que
Krishna, quando quer, “desce” à Terra, quer dizer, encarna entre os mortais.
Ora, sendo ELI (Natureza/Deus, Ela/Ele) ou ABBA ou ALÁ o não-finito, não cabe
dentro do finito; sua presença REAL esmagaria toda realidade.
Então, como é
possível que ELI “desça”, torne-se racional?
Ao assim proceder,
ao apequenar-se para caber, ELI se torna, enquanto Krishna-encarnado, passível
de violentação e morte, pois perde NA RACIONALIDADE sua majestade, tornando-se
um mortal como outro qualquer, com as mesmas limitações, mas de fundo
mantendo-se K-ELI, quer dizer, ELI-como-Krishna-encarnado. É Krishna-descido,
mas é encarnado-que-não-erra, porque o fio que o sustenta liga-o ao remoto
não-finito. Assim, mesmo o que parece ser errado em K e pronúncia-errada, fala
que teria se pervertido, ainda será certo sob outra compreensão muito mais
vasta. Ao aceitar “descer”, Eli, já como K-ELI, está condenado à loucura dos
racionais, aos erros; se fosse racional-sem-ligação erraria como qualquer um.
Não sendo, não erra, porque os supostos erros só o são quando julgados pelos
racionais.
É desse jeito que
Jesus, “descido” como Cristo, fazendo-se racional, incluiu-se no mundo do erro.
Não é àtoa que o povo diz “escolhido para Cristo”, quer dizer, dado que é
indiferente ser um ou ser outro, o outro se faz AQUELE UM, o Primeiro, primeiro
entre os primeiros, Primeiro Deus entre os primeiros deuses. Assim, se Jesus
era homem, humanamente racional e candidato ao erro implícito da racionalidade,
já como K-ELI era ponte e, portanto, não era sujeito ao erro, se assim julgarmos
que foi; e em cada mundo os K-ELIi, de ordem-i, todos os i K-ELI,
são também os tantos braços de ELI: todos diferentes e todos ao mesmo tempo o
mesmo, dado que não pode a ponte ser diferente. Assim, a dor do homem-Jesus foi
real, como eu disse quando tinha 18 anos; e vejo que a dor do deus-Cristo não o
foi, porque obviamente dor é índice de perigo e não pode haver perigo para ELI
– POR DEFINIÇÃO.
E quanto ao Espírito
Santo, o MODELO PIRÂMIDE, a conjugação NO CRISTO (= centro = governante =
administrador, etc.) de todos os pares? Ele existe fora de ELI? Sim e não. Sim,
porque ASSUME RACIONALIDADE, quer dizer, erro ou potência de erro; não, porque
tal erro deve ser só aparente (mas não quando presumido por um postiço
pretendente). O Espírito Santo existe? Como entidade, não, é apenas manifestação
de ELI, do mesmo modo que K-ELI, o-que-desce. Dessa forma a fórmula católica
está correta e errada ao mesmo tempo: 1) errada: não há Trindade, porque ELI é
tudo; 2) certa: contudo, no mundo-racional há Trindade-manifestada, porque ELI
apresenta-se como o não-finito, o inalcançável, e ao mesmo tempo como o
alcançável-Livro, mais o homem-Manifesto. Desse modo a “enlibração” (a
existência contemporânea do Livro, como dizem os árabes) está certa e errada ao
mesmo tempo: a) pois ELI pode gerar o Livro, 2) entretanto, o Livro não pode
gerar ELI. O Livro está em ELI PORQUE pode ser mostrado; mas não existe enquanto
não for.
E se toda a
ilimitada criação não é senão um dos afazeres de ELI, porque Ela/Ele
“desceria”? Ora, por quê seria senão por ser encantador estar junto dos
criados?
Vitória, sábado, 27
de novembro de 2004.
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