quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


Vitória de Um

 

                            Michio Kaku diz em seu livro Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 157: “Em razão desse deslocamento econômico, desenvolve-se nos Estados Unidos um debate com relação ao modo de dividir o bolo, com um grupo de interesse sendo freqüentemente levado a se opor a outro, com a vitória de uma pessoa constituindo a derrota de outra. No fim das contas, trata-se de um jogo de soma zero. Uma fatia maior para um grupo de interesse significa uma fatia menor para outro, e o bolo, para alguns segmentos, está realmente encolhendo. O resultado final é que as fraturas naturais da sociedade em torno de raça e classe estão se alargando”, coloridos meus.

                            No modelo também há soma zero, mundo 50/50, mas ela é diferente dessa daí, dos jogos de soma zero. Veja assim: uma dupla flecha na horizontal. Se um lado sobe o outro desce, como numa gangorra, e isso seria a SZ apontada por Kaku, a relativa, 100 %; se A pega mais, B (-A, oposição de classes e de interesses) deve necessariamente ficar com menos. Se considerarmos as classes do TER A, B, C e D, designando ricos, médios-altos, pobres e miseráveis, então qualquer divisão desse jeito redundará em prejuízo para alguém.

                            Entrementes, há também a SZ absoluta, pela qual TODA A FLECHA PODE SUBIR e ambos os lados ganham. Mesmo se um lado crescer mais e o outro menos, ambos estão ganhando. Visualize mentalmente ou desenhe no papel. A posição horizontal em si sobe, de 100 para 350. Se A tem 80 % de 100 = 80, e B fica com 20 % de 100 = 20. Mesmo se as relações permanecerem assim, 80 % de 350 = 280, enquanto 20 % de 350 = 70. A teria passado de 80 a 280, somando 200, ao passo que B teria migrado de 20 para 70. Ambos teriam ganhado.

                            Mas, se há clima de liberdade e camaradagem, ambos podem GANHAR MUITO MAIS, de modo que B poderia ir a 160, multiplicando por 8, digamos, enquanto A passaria a 190, multiplicando por 1,9. Nesta condição A se apossar de mais NÃO SIGNIFICOU B TER MENOS, pelo contrário.

                            Quando não queremos ver, ou queremos não-ver, não vemos mesmo. Porém, se pensarmos numa socioeconomia que acolha a todos encontraremos o meio de chegar a ela. As medidas relativas são muito boas para algumas coisas e muito ruins para outras. É preciso pensar o que estamos querendo realmente, o que pretendemos.

                            A vitória de uma pessoa não tem necessariamente que significar a derrota de outra. Veja o caso em que um pesquisador descubra um modo novo de fabricar mais barato um produto melhor e sua firma tome mercado de outra; em primeiro lugar mais gente vai poder ter um produto melhor, de maior rendimento, que faz mais por menos, e neste sentido todos ganham, menos o fabricante deslocado e seus trabalhadores. Estes podem sair e ir para outras firmas, enquanto o fabricante pode fechar aquela fábrica deficitária e colocar outra em ramo diverso, ou pode aprimorar ainda mais seu produto, competindo com seu competidor. Quando queremos ver a derrota, só as coisas negativas, ENQUANTO APRENDIZADO DA DERROTA, só vemos isso. A socioeconomia está se depreciando, o que vem do ciclo. Contudo, podemos ver a crise como oportunidade, como disseram os chineses e Kennedy repetiu. Crise total, oportunidade de total reconfiguração.

                            As brechas estão se abrindo? Isso pode ser apenas relativo, quando todos estariam crescendo absolutamente. Mesmo se for assim, a coletividade pode agir para diminuí-las. O espírito concentracionista reaganiano não dura para sempre, sequer muito tempo.

                            Além disso, há uma curiosidade na Rede Cognata: vitória de um = CRIADOR DE PI = CRIADOR DO UNIVERSO. Esse é Deus, a parte consciente de Natureza/Deus, Ela/Ele, ELI, postado na Tela Final. Esse é realmente o UM, a liberdade absoluta. Se esse UM doou a liberdade que de outro modo seria só sua, os seres humanos não podem também fazê-lo? Eu creio que sim.

                            Vitória, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002.

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