Vitória de Um
Michio
Kaku diz em seu livro Visões do Futuro
(como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p.
157: “Em razão desse deslocamento econômico, desenvolve-se nos Estados Unidos
um debate com relação ao modo de dividir o bolo, com um grupo de interesse
sendo freqüentemente levado a se opor a outro, com a vitória de uma pessoa constituindo a
derrota de outra. No fim das contas, trata-se de um jogo de soma zero. Uma
fatia maior para um grupo de interesse significa uma fatia menor para outro, e
o bolo, para alguns segmentos, está realmente encolhendo. O
resultado final é que as fraturas naturais da sociedade em torno de raça e
classe estão se alargando”, coloridos meus.
No
modelo também há soma zero, mundo 50/50, mas ela é diferente dessa daí, dos
jogos de soma zero. Veja assim: uma dupla flecha na horizontal. Se um lado sobe
o outro desce, como numa gangorra, e isso seria a SZ apontada por Kaku, a
relativa, 100 %; se A pega mais, B (-A, oposição de classes e de interesses)
deve necessariamente ficar com menos. Se considerarmos as classes do TER A, B,
C e D, designando ricos, médios-altos, pobres e miseráveis, então qualquer
divisão desse jeito redundará em prejuízo para alguém.
Entrementes,
há também a SZ absoluta, pela qual TODA A FLECHA PODE SUBIR e ambos os lados
ganham. Mesmo se um lado crescer mais e o outro menos, ambos estão ganhando.
Visualize mentalmente ou desenhe no papel. A posição horizontal em si sobe, de
100 para 350. Se A tem 80 % de 100 = 80, e B fica com 20 % de 100 = 20. Mesmo
se as relações permanecerem assim, 80 % de 350 = 280, enquanto 20 % de 350 =
70. A teria passado de 80 a 280, somando 200, ao passo que B teria migrado de
20 para 70. Ambos teriam ganhado.
Mas,
se há clima de liberdade e camaradagem, ambos podem GANHAR MUITO MAIS, de modo
que B poderia ir a 160, multiplicando por 8, digamos, enquanto A passaria a
190, multiplicando por 1,9. Nesta condição A se apossar de mais NÃO SIGNIFICOU B
TER MENOS, pelo contrário.
Quando
não queremos ver, ou queremos não-ver, não vemos mesmo. Porém, se pensarmos
numa socioeconomia que acolha a todos encontraremos o meio de chegar a ela. As
medidas relativas são muito boas para algumas coisas e muito ruins para outras.
É preciso pensar o que estamos querendo realmente, o que pretendemos.
A
vitória de uma pessoa não tem necessariamente que significar a derrota de
outra. Veja o caso em que um pesquisador descubra um modo novo de fabricar mais
barato um produto melhor e sua firma tome mercado de outra; em primeiro lugar
mais gente vai poder ter um produto melhor, de maior rendimento, que faz mais
por menos, e neste sentido todos ganham, menos o fabricante deslocado e seus
trabalhadores. Estes podem sair e ir para outras firmas, enquanto o fabricante
pode fechar aquela fábrica deficitária e colocar outra em ramo diverso, ou pode
aprimorar ainda mais seu produto, competindo com seu competidor. Quando
queremos ver a derrota, só as coisas negativas, ENQUANTO APRENDIZADO DA
DERROTA, só vemos isso. A socioeconomia está se depreciando, o que vem do
ciclo. Contudo, podemos ver a crise como oportunidade, como disseram os
chineses e Kennedy repetiu. Crise total, oportunidade de total reconfiguração.
As
brechas estão se abrindo? Isso pode ser apenas relativo, quando todos estariam
crescendo absolutamente. Mesmo se for assim, a coletividade pode agir para
diminuí-las. O espírito concentracionista reaganiano não dura para sempre,
sequer muito tempo.
Além
disso, há uma curiosidade na Rede Cognata: vitória de um = CRIADOR DE PI =
CRIADOR DO UNIVERSO. Esse é Deus, a parte consciente de Natureza/Deus, Ela/Ele,
ELI, postado na Tela Final. Esse é realmente o UM, a liberdade absoluta. Se
esse UM doou a liberdade que de outro modo seria só sua, os seres humanos não
podem também fazê-lo? Eu creio que sim.
Vitória,
sexta-feira, 20 de dezembro de 2002.
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