Bibliotecas
Inaproveitadas
A gente vai às
bibliotecas das cidades do interior e lá estão milhares de livros, cada um por
si só uma riqueza, um patrimônio, a geo-história de uma vida, ou de parte dela,
resultados de pesquisas, uma transição acumulativa. E lá estão eles,
paradinhos, às vezes sujos e empoeirados, destroçados, arruinados, riscados.
Quanta riqueza sem proveito!
Por outro lado,
ninguém tentou ainda ver o Livro geral como uma mercadoria DE LEITURA, pois
como bloco ele é vendido pelas editoras, que assim o vêem desde sempre. As
editoras e livrarias pensam o livro individual como um objeto, que por acaso
pode ser folheado, lendo-se as palavras e olhando-se as figuras antes da
aquisição. Para você que compra, o livro traduz experiências e pensamentos, mas
para o vendedor não passa de um retângulo, um volume (tanto que o chamam assim)
a ser passado adiante.
Se você tivesse de
vender O CONTEÚDO, o que faria?
Seria necessário
propagandeá-lo.
Fazem propaganda do
conteúdo de revistas, de televisões, da Internet, dos jornais, das rádios e
outros meios, mas não dos livros. No que o Livro pode engrandecer as PESSOAS
(indivíduos, famílias, grupos, empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades,
estados, nações, mundo)? No quê as classes do TER (ricos, médios-altos, pobres
e miseráveis) e as classes econômicas (agropecuaristas/extrativistas,
industriais, comerciantes, dos serviços e bancários)? Enfim, que lucros podemos
esperar da leitura? Que vantagens? Como o Livro nos faria crescer, prosperar?
Como o leríamos por conta própria, por iniciativa própria, para melhorar de
vida? Quando compramos uma camisa sabemos que ela vai nos proteger das
intempéries, melhorar nossa aparência, atrair mais gente, mas quando compramos
um livro o que ele vai fazer por nós? Nos distrair, nos ensinar uma técnica
nova, o quê? Os editores não informam, esperando que a fama do Livro, por si
só, baste. Agoraqui, porém, existe competição de muitos outros meios e muitas oportunidades,
desde ir a bares, a centros de compras, a cinemas, ver TV em casa, passear na
praia, conversar com os amigos por telefone, um milhão de oportunidades bem
mais simples e diretas que vasculhar um livro por vezes com palavras difíceis.
O Livro deveria ser
preparado para as idades (0-7, 8-14, 15-21, 22-28, etc.), para os interesses
separados dos sexos (como em parte já é), para os mundos (são quatro), para as
confissões culturais (a de fundo latino, digamos), as nações e suas línguas, a
fracionalização contemporânea, o nível escolar, as classes econômicas, as bandeiras
(DA PROTEÇÃO: lar, armazenamento, segurança, saúde, transportes; ELEMENTAR: ar,
água, terra/solo, fogo/energia, no centro a Vida, no centro do centro a
Vida-racional). Ele deve ser reprogramado visualmente e devemos adotar um
código de cores para fácil identificação na capa e na lombada.
Por outro lado, os
livros eletrônicos, como já disse no Livro 20, artigo A Prosperidade do Livro Eletrônico, podem trazer tremendas
novidades, como o cruzamento de informações, atualização on-line de quadros e tabelas,
de artigos, debates, círculos de interesses, contestações, saltos por
hiperlink, dicionárienciclopédia incorporada, uma quantidade enorme de
inovações.
A partir disso podemos
pensar numa BIBLIOTECA VIRTUAL que admitisse leitura compartilhada, marcação
dos textos, informação sobre outros interessados e várias alternativas - um
poder que a humanidade ainda não adentrou, nem de longe, e que fará em algumas
décadas o que séculos não fizeram. Entrementes, é preciso preparar as coisas
para acontecer – elas não vão brotar espontaneamente, deve haver uma ÁRVORE DE
POSSIBILIDADES conectadas, levando as pessoas pelas mãos.
Mormente, os livros
DEVEM INDICAR PRECISAMENTE a que vieram, que lucros irão proporcionar. As
pessoas não são bobas e num mundo competitivo como este, onde é preciso estar
atento o tempo inteiro para não ser “perneado”, como diz o povo, empregar horas
ou dias apenas a troco de “cultura geral” é não apenas inútil como prova de
estupidez, exceto para os pesquisadores, que já sabem organizar seus
pensamentos extrativos ANTES de ler tudo. O leitor assíduo, o pesquisador, só
de saber o nome do autor, o título do livro, o índice, já sabe o que vai encontrar,
se interessa ou não ler. A restante humanidade não é assim, longe disso.
Daí a necessidade de
reprogramar totalmente a apresentação dos livros. A editora que fizer isso
primeiro vai crescer tremendamente, lançando uma nova era do livro, antes mesmo
do livro eletrônico emplacar definitivamente.
Vitória, domingo, 26
de janeiro de 2003.
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