Encurralado II
Encurralado (Duel, 1971, EUA), de Stephen Spielberg, é um clássico
que perdura há já 32 anos – obra prima que segue emocionando, mesmo já tendo
passado na TV umas 30 vezes ou mais. É a estória do motorista de automóvel que
enfurece o motorista do caminhão pesado, passando este a perseguí-lo
implacavelmente, até que no final o caminhão se precipita no abismo. No
entanto, a porta do caminhão se abre pouco antes, sugerindo que o motorista do
caminhão teria pulado antes da queda.
Isso dá margem ao
Encurralado II.
Como sabemos, temos
interesse em ver a criatividade dos atores humanos, como eles se saem nas
situações de dificuldade de enredo. O que poderia motivar um filme que parece
esgotado? Qualquer seqüência pareceria menor, pois no final o sobrevivente
exulta, pula, fica felicíssimo. Saindo
dali, passam-se muitos anos, ele vai se aborrecendo e tendo achado que jamais
faria com os outros o que fizeram com ele é levado pelas circunstâncias
sucessivas a enraivecer-se, passando a perseguir outro. Bom, qualquer que seja
o recheio, o que fica é que nós, seres humanos, sempre achamos que não vamos
nos portar como os demais. Sempre nos acreditamos melhores. Contudo, somos
capazes das mesmas coisas e até de piores. Em nossas mentes formam-se pensamentos
horripilantes.
No último momento,
provavelmente, ele evitaria castigar realmente o outro, lembrando-se do que lhe
fizeram.
O que é posto é o
desafio de criar um filme crível a partir de algo que parece definitivamente
encerrado, como se fosse uma sinuca de bico – vencer o desafio de algo que está
próximo do impossível, tornando-o possível de forma surpreendente, com uma
reviravolta qualquer e um daqueles finais inconcebíveis. Uma surpresa genuína.
Isso é o que buscamos e esperamos, a inventividade brilhante.
Vitória,
sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003.
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