segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


Encurralado II

 

                            Encurralado (Duel, 1971, EUA), de Stephen Spielberg, é um clássico que perdura há já 32 anos – obra prima que segue emocionando, mesmo já tendo passado na TV umas 30 vezes ou mais. É a estória do motorista de automóvel que enfurece o motorista do caminhão pesado, passando este a perseguí-lo implacavelmente, até que no final o caminhão se precipita no abismo. No entanto, a porta do caminhão se abre pouco antes, sugerindo que o motorista do caminhão teria pulado antes da queda.

                            Isso dá margem ao Encurralado II.

                            Como sabemos, temos interesse em ver a criatividade dos atores humanos, como eles se saem nas situações de dificuldade de enredo. O que poderia motivar um filme que parece esgotado? Qualquer seqüência pareceria menor, pois no final o sobrevivente exulta, pula, fica felicíssimo.  Saindo dali, passam-se muitos anos, ele vai se aborrecendo e tendo achado que jamais faria com os outros o que fizeram com ele é levado pelas circunstâncias sucessivas a enraivecer-se, passando a perseguir outro. Bom, qualquer que seja o recheio, o que fica é que nós, seres humanos, sempre achamos que não vamos nos portar como os demais. Sempre nos acreditamos melhores. Contudo, somos capazes das mesmas coisas e até de piores. Em nossas mentes formam-se pensamentos horripilantes.

                            No último momento, provavelmente, ele evitaria castigar realmente o outro, lembrando-se do que lhe fizeram.

                            O que é posto é o desafio de criar um filme crível a partir de algo que parece definitivamente encerrado, como se fosse uma sinuca de bico – vencer o desafio de algo que está próximo do impossível, tornando-o possível de forma surpreendente, com uma reviravolta qualquer e um daqueles finais inconcebíveis. Uma surpresa genuína. Isso é o que buscamos e esperamos, a inventividade brilhante.

                            Vitória, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003.

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