O Matador
A câmera vem do
espaço, chega à Terra, uma cidade qualquer, um estádio, gritaria, alegria, um
homem comemora com a família, tudo é felicidade, gols, o estádio vibra. Retorno
(flash back) ao passado, o homem é vendedor, fica muitos dias fora. Realmente
vende, produz resultados para a empresa, mas é um assassino contratado envolto
em várias peripécias, tendo uma longa folha de “serviços”. A vida aventurosa
dele é contada. No fim a câmara volta a ele, completamente integrado na
comunidade, sem qualquer remorso, perfeitamente bem com tudo, com dinheiro no
bolso, mulher bonita, filhos saudáveis e belos, os dentes brilham. A câmara vai
embora e desce um pedaço, indicando que vai pegar outro qualquer, daí o filme
piloto dá lugar à série.
Impunidade, perfeita
cobertura, é um cidadão comuníssimo, totalmente vulgar e sem identificação, que
bebe e faz churrasco com os amigos, vai à igreja aos domingos, produz junto com
o coletivo e apesar disso é um matador que senta ao seu lado. Quantas
transgressões estão acontecendo sob nossas barbas?
Outro filme pode ser
sobre discussão num sinal. Ou é outro (a) matador (a) ou um empresário
terrível, muito poderoso, que guarda rancor, se apresentando de bermuda num
carro relativamente simples e velho. E assim podem ser mostradas várias
situações para prevenir as pessoas e diminuir os conflitos sociais, indicando
como as coisas mais corriqueiras podem ser na verdade complicadas.
Isso pode se basear
em relatos, os chamados ”fatos reais”, como diz a imprensa na pressuposição de
que existam fatos irreais (existem mesmo, os governos estão sempre os
produzindo, pelo menos no ES). Podem ser consultadas as páginas policiais dos
jornais e as assentadas das delegacias.
Vitória, domingo, 26
de janeiro de 2003.
Nenhum comentário:
Postar um comentário