Mesmo com o
extraordinário Paulo Freire, que bondosamente redescobriu o interesse de Cristo
no outro COMO VERDADEIRO PARCEIRO do desenvolvimento, ainda era um pedido pouco
diferente do burguês, solicitação intelectual de que o alfabetizando
participasse DOS INTERESSES ALHEIOS, como no caso seria a doação intelectual
das letras.
Podemos ir muito
mais longe.
Peguemos a família
Souza (porque a família Silva, de Luís Inácio Lula da Silva, chegou ao poder, à
presidência da República), FS ou só S, como instrumento do nosso raciocínio –
uma qualquer lá dos grotões do sertão. Como tirar essa (D, miserável, mas
poderia ser C, pobre, B, média-alta, ou A, rica) família de sua situação via
alfabetização, que é de cinco níveis e de muitas intensidades e completudes? No
caso do analfabeto se trata da alfabetização, do mero reconhecimento dos
símbolos e de sua união como representante das palavras nominativas e dos
conceitos lógicos, pela reunião delas em frases. A POSSIBILIDADE EXPRESSIVA das
palavras e dos conceitos. Ora, para todos é assim, dado que todos somos
analfabetos, de algum modo, pois sempre desconheceremos algo.
Deveríamos mostrar
os desenhos lá da frente (pode ser em computação gráfica ou modelação
eletrônica em programáquinas), lá do ponto onde se quer chegar, com todos os
percalços e problemas por solucionar - com a ajuda de bonecos e cenários que
representem as pessoas e os ambientes. Essa família-S VERIA os motivos pelos
quais a alfabetização poderia agregar facilidades ao caminho humano dela, juntando
os favores poderes (forças focadas, ordenadas) racionais acumulados ao longo de
milênios. Como ela pode sair da situação presente para alguma outra MUITO MAIS
confortável.
Que caminhos deveria
percorrer? A quem dos governempresas pediria ajuda, se fosse o caso? Como
conseguiria financiamentos? Quais os passos da trilha, ponto por ponto? Ela
compreenderia facilmente que os caminhos dependem de palavras, afixadas nos
lugares apropriados, mostrando-se, a cada passo: esta você não sabe ler, esta
também não (e daí não pode seguir os passos até os sonhos de adiante).
Deixaria de ser
interesse das burguesias e das intelectualidades para ser interesse próprio,
que realmente move as pessoas. Não seria mais obrigação, sendo de dever,
carência social, necessidade coletiva, e sim vontade das pessoas. Nada do
ambiente pedindo, e sim as pessoas mesmo querendo. O mesmo princípio poderia
ser usado para qualquer gênero de aprendizado.
Vitória,
quinta-feira, 30 de janeiro de 2003.
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