segunda-feira, 30 de janeiro de 2017


Topologia do Ser Humano

 

                            Deparei com isso quando comecei a pensar num exemplo surpreendente de inversão, no bojo das ulterioridades: o ser humano é topologicamente uma rosquinha ou toróide no qual são puxados os braços e as pernas. Você pode ver também como um cilindro no qual as paredes espessem para formar o corpo, em cima estando a boca e em baixo o ânus. Esses dois constituem um e o mesmo furo. Seria até interessante ver a modelação em computação gráfica. Porém os ouvidos, as narinas, os olhos são buracos distintos.

                            Não é esquisito ver assim?

                            É, mas o mundo é esquisito mesmo, pois a gente só vê as coisas de um modo, até que outros mostrem formas e estruturas diferentes.

                            Em termos psicológicos (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias), o que são as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo)? Nós só temos a visão interna da humanidade, não qualquer visão externa; como somos, vistos de fora? Talvez valha a pena fazer o exercício de ver-nos do exterior, porquanto poderíamos talvez refrear muitos impulsos absolutamente nojentos. Nós matamos criaturas humanas e não-humanas aos milhões, nós destruímos a Terra, nós fazemos uma quantidade de coisas monstruosas, absolutamente apavorantes. Precisamos treinar uma quantidade de gente que faça essa análise, que nos veja do exterior, que anule seus olhos humanos interessados, de modo a nos verem com os olhos do universo, em particular dos fungos, das plantas, dos animais e dos seres humanos que trucidamos. Acho que está na hora de fazer as contas.

                            Vitória, domingo, 26 de janeiro de 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário