Topologia do Ser
Humano
Deparei com isso
quando comecei a pensar num exemplo surpreendente de inversão, no bojo das
ulterioridades: o ser humano é topologicamente uma rosquinha ou toróide no qual
são puxados os braços e as pernas. Você pode ver também como um cilindro no
qual as paredes espessem para formar o corpo, em cima estando a boca e em baixo
o ânus. Esses dois constituem um e o mesmo furo. Seria até interessante ver a
modelação em computação gráfica. Porém os ouvidos, as narinas, os olhos são buracos
distintos.
Não é esquisito ver
assim?
É, mas o mundo é
esquisito mesmo, pois a gente só vê as coisas de um modo, até que outros
mostrem formas e estruturas diferentes.
Em termos
psicológicos (figuras ou psicanálises, objetivos ou psico-sínteses, produções
ou economias, organizações ou sociologias, espaçotempos ou geo-histórias), o
que são as PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e os AMBIENTES
(municípios/cidades, estados, nações e mundo)? Nós só temos a visão interna da
humanidade, não qualquer visão externa; como somos, vistos de fora? Talvez
valha a pena fazer o exercício de ver-nos do exterior, porquanto poderíamos
talvez refrear muitos impulsos absolutamente nojentos. Nós matamos criaturas
humanas e não-humanas aos milhões, nós destruímos a Terra, nós fazemos uma
quantidade de coisas monstruosas, absolutamente apavorantes. Precisamos treinar
uma quantidade de gente que faça essa análise, que nos veja do exterior, que
anule seus olhos humanos interessados, de modo a nos verem com os olhos do
universo, em particular dos fungos, das plantas, dos animais e dos seres
humanos que trucidamos. Acho que está na hora de fazer as contas.
Vitória, domingo, 26
de janeiro de 2003.
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