sábado, 28 de janeiro de 2017


Densidade de Malha

 

                            No livro de Michio Kaku, Visões do Futuro (como a ciência revolucionará o século XXI), Rio de Janeiro, Rocco, 2001, p. 286, ele diz: “Mas o principal temor é que, uma vez que as comportas se abram, plantas inteiramente novas, nunca vistas antes na Terra, possam escapar para a natureza agreste, onde podem vir a desalojar plantas nativas e tomar conta de ecossistemas inteiros, com resultados imprevisíveis.

                            “’Se as plantas forem cultivadas fora de casa e os novos genes penetrarem no estoque genético agreste, isso poderá ter um efeito potencialmente desestabilizador sobre o sistema ecológico’, diz Jeremy Rifkin da Foundation for Economic Trends, um dos mais destacados críticos da revolução biotecnológica”.

                            Colocando a mesopirâmide como PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo), ou PESSOAMBIENTES, que vem depois da micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas e átomos, Físico-Química, e moléculas, replicadores, células, órgãos e corpomentes, Biologia-p.2), podemos ver um crescimento notável da complexidade, conforme passamos da Natureza Zero (N.0, Física/Química) à Natureza Um (N.1, Biológica/p.2) e à Natureza Dois (N.2, Psicológica-p.3), limiar da Natureza Três (N.3, Informacional/p.4). As malhas vão ficando cada vez mais intrincadas, mais emaranhadas, mais densas, mais complexas, mais complicadas.

                            Obviamente não há nenhuma medida da DENSIDADE DE MALHA (DM), conforme se faça essa subida. Como já mostrei, A interfere em B e o contrário, o ambiente de A interfere em A, o ambiente de A interfere em B, o ambiente de B interfere em A, o ambiente de B interfere em B, o ambiente de A interfere no ambiente de B, e como são inumeráveis entes e inumeráveis ambientes, as interferências tornam-se exponenciais. Qualquer leve mudança num ponto (ente) ou plano (ambiente) leva a uma propagação terrível, em ondas sucessivas que batem, recuam, rebatem e assim por diante, até o esgotamento da energia biológica/p.2.

                            Note agora que isso também se dá no nível N.2, natureza psicológica, humana, racional, com os produtos de N.0 e de N.1. De N.0 um cometa pode causar muito estrago, ou um vulcão, ou uma enchente, ou o que for. De N.1 uma praga que se espalhe contamina os entes, os ambientes, as operações psicológicas (soma, subtração, multiplicação, subtração, etc.). Quanto maior é a densidade de malha, mais há a atingir, embora a DM não esteja aí por acaso – ela é uma sobrevivente nata na luta por deixar densidade hábil ou apta para o futuro (ela também é selecionada). Ela torna-se cada vez mais dura e persistente, encontrando muitas defesas brutais e sutis. Entrementes, tudo tem limite, de modo que não é bom provocar demais.

                            O que acontece é que não há estimativa da DM, nem de longe. Não estimamos sequer a flexibilidade dos ecossistemas, quanto mais dos psico-sistemas!

                            Se algo escapar à DM preternatural, natural e posternatural (embora ninguém ainda esteja habilitado a projetar pragas psicológicas racionalmente, de modo inteligível, pré-visto), o que acontecerá? Se tais pragas não-acopladas ao Desenho de Mundo tal como ele se desenvolveram naturalmente, sem presença humana, escapar aos controles racionais, como a primeira natureza será atingida? Como tudo volta e ocupamos os mesmos cenários, certamente nós também seremos atingidos duramente. As conseqüências, como podemos ver, são muito mais agudas do que os biólogos podem prever, pois não estão sendo avaliadas as dimensões psicológicas. Quando as gripes, como a Espanhola, passam das galinhas aos seres humanos, não é mais ruína biológica apenas que elas causam, mas aniquilamento racional.

                            Vitória, sábado, 25 de janeiro de 2003.

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