quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


Vidas Extraordinárias

 

                            Tendo visto que 1/40 da população da Terra atingiria 150 milhões de pessoas, contando-se 2,5 % da gente como sendo o extrato mais precioso, em quatro grupamentos (A, B, C, D) (2,5 %, 47,5 %, 47,5 % e 2,5 %), podemos seguir uma linha de pensamento. A história dessa divisão está no modelo, não vou repeti-la agoraqui.

                            Se contarmos dessa forma, teremos:

                            A                         160 milhões (só para facilitar as contas)

                            AA                      4 milhões

                            AAA                   100 mil

                            AAAA                2.500

                            Tais divisões, à parte as críticas que poderiam fazer chover sobre qualquer postulante, nos prestam o favor de produzir um número pequeno, tratável. Como compactar seis bilhões (6,4, devido ao divisor), de modo a podemos estudar um tantinho de gente, e não milhões, ou mesmo dezenas de milhares? Não haveria gente que bastasse para pesquisar vidas demais. Por outro lado, perguntar de 6,4 bilhões quantos estão na categoria superespecial AAAA nos dá condições de verificar o quê fizeram menos de três mil pessoas de especialíssimo a ponto de terem um lugar no quadro?

                            O que especialistas, reunidos em congresso, acreditariam ser tão útil num ser humano a ponto de permitir a entrada de menos de três mil nessa sala única? E excluídas quatro gerações (que fariam com que todos ou quase todos os vivos agora fossem não-nascidos), quantos extrairíamos do passado inteiro (digamos, de 1900 para trás)?

                            Quais foram realmente as vidas humanas mais extraordinárias? Como sabemos, pouco é o tempo, muitas as exigências e desatenções, várias as armadilhas desviantes, demasiados são os chamados do prazer – há tantos atalhos para a pequenez! A resistência quanto à diminuição, a persistência fantástica rumo à grandeza, a insistência em dar aos demais o pouco tempo disponível, tudo que distingue esse número ínfimo da vacuidade e do apequenamento geral, como tudo isso é difícil. Quantos vão às grandes alturas? O que os coloca lá? Se soubermos o que é, por comparação de todos e cada um, poderemos seguir seus exemplos. E talvez com isso a humanidade melhore mais rapidamente.

                            Vitória, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002.

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