quarta-feira, 18 de janeiro de 2017


3 % de 27 mil

 

                            Quando começaram o Projeto Genoma Humano davam como certo de que tínhamos 100 mil genes. No decorrer da busca baixaram a estimativa para 70 mil e por fim já estavam, salvo engano, em 27 mil. Não sei como ficou, mas não importa muito, para este artigo.

                            Se forem mesmo 27 mil, os 3 % que nos separem dos chimpanzés seriam apenas 810 genes, uma insignificância, aparentemente. É quanto bastou para os idiotas, os que não pensam, saírem por aí afirmando que pouco mais somos que macacos. De fato, os macacos são muito boa gente, até melhor que certos indivíduos que conhecemos, mas na realidade a coisa não é bem assim, como já mostrei repetidamente.

                            Veja, somos pessoas (indivíduos, famílias, grupos e empresas) e ambientes (municípios/cidades, estados, nações e mundo), demos todos esses passos nos níveis, o que está longe demais de ser pouco. Temos 6,5 mil profissões de domínio muito específico, avançadíssimo. Temos Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia, Ciência/Técnica e Matemática) geral dos últimos 200 mil anos, em particular 50 mil mais recentes, especificamente dos 10 mil anos de civilização acumulada. Temos domínio da Bandeira da Proteção (lares, armazenamento, segurança, saúde e transportes). Enfim, os macacos em geral e os chimpanzés nomeadamente formam uns grupinhos aqui e acolá, enquanto os seres humanos são seis bilhões que se entendem em umas 220 nações (de todos os quadrantes da Terra, todas as longitudes e latitudes, todas as altitudes, até fora do planeta), uns quatro mil estados ou províncias, na minha estimativa uns 300 mil municípios/cidades, quem sabe dois milhões de bairros e distritos. SEIS BILHÕES – sabe lá o que é vestir e alimentar, bem ou mal, esse tanto de gente? Prover estudos, diversão, governos e empresas para esse número?

                            Como entre o Brasil e a África a diferença era mínima quando começou a separação das placas, apenas milímetros, mas hoje temos quatro mil quilômetros entre o primeiro e a segunda, é um divórcio irremediável. Do mesmo modo humanos e chimpanzés, os que chegam mais perto – separados por uma discussãozinha de nada, apenas 810 genes, e agora nem se reconhecem mais os primos, nem se falam, nem se visitam, a não ser na posição de “primo rico” e “primo pobre”. O que são as separações, não é mesmo?

                            Vitória, segunda-feira, 30 de dezembro de 2002.

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