Marcas de
Intolerância
Como eu disse, o
divórcio devia existir no Brasil como prova de liberdade e quando foi lançada a
idéia fui a favor. Pois impedir seria demonstração de intolerância pública.
Fica definido que a aceitação é declaração de amadurecimento do país, dado que
não evitamos defrontar os problemas, varrendo-os como fazíamos antes para
debaixo do tapete das conveniências propagandísticas.
Por outro lado,
caminhar para o divórcio é amostra da intolerância privada: o homem ou a
mulher, ou ambos (em geral mais os homens) não tiveram condescendência bastante
para aceitar à outra ou ao outro. Preferiram a si mesmos, desdenharam o
aprendizado da proximidade. É como um correlato do consumismo: consomem-se
outros parceiros como consumimos enlatados e bijuterias, dado que é
relativamente tão fácil descartar-se. Assim, em lugar de dialogar a gente
prefere desfazer-se dos problemas. Uma vez que a coletividade também não quer
investir na solução dos problemas familiares, que vão desse modo acumulando-se,
tanto o público quanto o privado acometem aquilo aparentemente mais fácil –
suprimem-se os problemas porque pensamos obter assim mais tranqüilidade. No
entanto os filhos sofrem, as linhas de amizade são abaladas e famílias passam a
se odiar, pois os casamentos são de PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e
empresas) em AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) e todos
são balançados.
O resultado,
desastroso, é que vamos pelo caminho mais fácil e não pelo mais difícil. Em
linha reta caminhamos para o precipício ou para o afogamento no mar. O caminho
da Igreja, sendo o mais difícil, é o mais correto dos dois, o do enfrentamento
dos problemas da convivência. Entrementes há um mais correto ainda: manter o
divórcio e investir no entendimento do par com as 22 tecnartes e com os
conhecimentos (mágicos/artísticos, teológicos/religiosos,
filosóficos/ideológicos, científicos/técnicos e matemáticos) todos.
O quê dá errado nos
casamentos? Devemos prover soluções em largo espectro, de forma que mesmo havendo
a possibilidade de separação as pessoas procurem conversar, entender e
solucionar os problemas. Talvez devêssemos construir ou confeccionar um
programáquina Casamento 1.0 que
ajude os casais a buscarem as soluções. Daria muito dinheiro além de ser em primeiro
lugar obra meritória.
Vitória,
terça-feira, 28 de janeiro de 2003.
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