domingo, 29 de janeiro de 2017


Marcas de Intolerância

 

                            Como eu disse, o divórcio devia existir no Brasil como prova de liberdade e quando foi lançada a idéia fui a favor. Pois impedir seria demonstração de intolerância pública. Fica definido que a aceitação é declaração de amadurecimento do país, dado que não evitamos defrontar os problemas, varrendo-os como fazíamos antes para debaixo do tapete das conveniências propagandísticas.

                            Por outro lado, caminhar para o divórcio é amostra da intolerância privada: o homem ou a mulher, ou ambos (em geral mais os homens) não tiveram condescendência bastante para aceitar à outra ou ao outro. Preferiram a si mesmos, desdenharam o aprendizado da proximidade. É como um correlato do consumismo: consomem-se outros parceiros como consumimos enlatados e bijuterias, dado que é relativamente tão fácil descartar-se. Assim, em lugar de dialogar a gente prefere desfazer-se dos problemas. Uma vez que a coletividade também não quer investir na solução dos problemas familiares, que vão desse modo acumulando-se, tanto o público quanto o privado acometem aquilo aparentemente mais fácil – suprimem-se os problemas porque pensamos obter assim mais tranqüilidade. No entanto os filhos sofrem, as linhas de amizade são abaladas e famílias passam a se odiar, pois os casamentos são de PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) em AMBIENTES (municípios/cidades, estados, nações e mundo) e todos são balançados.

                            O resultado, desastroso, é que vamos pelo caminho mais fácil e não pelo mais difícil. Em linha reta caminhamos para o precipício ou para o afogamento no mar. O caminho da Igreja, sendo o mais difícil, é o mais correto dos dois, o do enfrentamento dos problemas da convivência. Entrementes há um mais correto ainda: manter o divórcio e investir no entendimento do par com as 22 tecnartes e com os conhecimentos (mágicos/artísticos, teológicos/religiosos, filosóficos/ideológicos, científicos/técnicos e matemáticos) todos.

                            O quê dá errado nos casamentos? Devemos prover soluções em largo espectro, de forma que mesmo havendo a possibilidade de separação as pessoas procurem conversar, entender e solucionar os problemas. Talvez devêssemos construir ou confeccionar um programáquina Casamento 1.0 que ajude os casais a buscarem as soluções. Daria muito dinheiro além de ser em primeiro lugar obra meritória.

                            Vitória, terça-feira, 28 de janeiro de 2003.

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