A Velhice e a
Eternidade
Lendo O Senhor dos Anéis e os demais livros
de Tolkien, a gente depara com entes que vivem milhares de anos, os elfos,
tipicamente nove mil anos, os astari e os valar vinte ou trinta mil, podendo
chegar à centena de milhar ou mais. Os seres humanos, que vivem até uns 120
anos, quando muito, em geral metade dessa idade ou a quarta parte ou menos,
suspiram por longevidade, que supostamente seria algo maravilhoso – o que,
penso, não é verdade.
Alguns sonham em
viver 150, 200, 300 anos.
E há aqueles que
acreditam que se todos os seres humanos vivessem muito a Religião geral
acabaria e com ela a crença em Deus ou, no caso dos indianos, em deuses (360
milhões por lá).
Não é garantido,
isso, está longe de ser. É claro que inicialmente, com o fim das doenças e da
morte prematura, veríamos realmente um declínio do movimento religioso, que
depois seria intensificado até a apoplexia, penso eu.
E veja porque:
quando chegarmos aos 200, 400 ou 800 anos ou o que for ficará cada vez mais patente
o que é a eternidade e a imensidão desse não-finito que dizem ser Deus. O
infinito e o eterno são grandes mesmo. 800 mil anos não está mais perto da
eternidade que 80 anos. Pode parecer que sim, mas o infinito tem essa estranha
propriedade de estar tão distante de 1080 quanto de 10, assim como
somar 200 mil km/s a 200 mil km/s não passa de 300 mil km/s, o limite da
velocidade da luz no vácuo. Não tem jeito. Perante a eternidade oito milhões de
anos são tão insignificantes quanto oito anos.
Em lugar das pessoas
ficarem MENOS reverentes elas ficarão mais, porque compreenderão melhor, terão
mais tempo para pensar e desesperar-se. Como sempre, como dizem a dialética, o
TAO e o modelo, mais pode conduzir à insatisfação, o contrário do que se
deseja.
Vitória, sábado, 08
de fevereiro de 2003.
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