domingo, 29 de janeiro de 2017


Mestre João

 

                            Como nos diz a Barsa eletrônica João Gilberto do Prado Pereira de Oliveira, consagradamente João Gilberto, um dos pais da Bossa Nova, tio Joãozinho (de nosso amigo PACOS, seus irmãos e irmãs e primos), nasceu em Juazeiro/BA em 10 de junho de 1931, tendo, portanto, feito 71 anos em 31 de junho de 2002. Em 1949 foi para o Rio de Janeiro, em 1958 lançou duas faixas e com isso o movimento bossanovista que tomou o mundo e perdura como algo criativo e único, conforme já retratei a partir do Livro 3, q.v.

                            Antes dele e de seu grupo a Música geral tinha duas vertentes que se detestavam, a clássica ou de câmera (incluídas orquestras) ou das elites e os ritmos populares, que nem sequer eram reconhecidos como músicas (letras e melodias), eram “batidas”. Depois elas se uniram pelo centro na MPB, Música Popular Brasileira, e o samba e os ritmos tiveram autorização para serem ouvidos e tocados em ambientes “chiques”. Então, João Gilberto construiu essa ponte, uma proeza extraordinária.

                            De um lugar remotíssimo - Juazeiro, interior profundo da Bahia, situada a cidade no sertão na divisa com Pernambuco (do outro lado da ponte sobre o São Francisco ficando Petrolina, PE), a 511 km de Salvador, capital do estado – vem um jovem aos 18 anos, pega um país dividido e literalmente o transforma numa potência musical ao romper os lacres ou selos que dividiam o povelite ou nação em duas porções antagônicas em potencial choque. Como já disse, é possível que ele tenha evitado o confronto desenhado, e não apenas no Brasil, ou pelo menos o retardado consideravelmente, até que outras potências construtivas se apresentassem. Lá vem um jovenzinho com a “viola no saco”, apresenta-se no cenário do mundo e faz sua revolução.

                            Não tenho muito respeito pelos seres humanos, porque a grande maioria é egoísta, ególatra até, centrada no próprio umbigo, auto referenciada, visando apenas suas satisfações e prazeres. Quando tenho, gosto de pensar nesses poucos como professores, o que João é, de fato, no mais alto grau. Não apenas por tocar, não apenas pela “batida diferente”, mas porque fundamentalmente esse ensinou à humanidade essa proximidade.

                            Mestre João. Grande Mestre.

                            Vitória, sábado, 25 de janeiro de 2003.

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