segunda-feira, 16 de janeiro de 2017


Viagem Espacial

 

                            Quando a gente vê filmes de viagens espaciais há muitos botões. Quanto mais antigas as naves mais botões aparecem, em quadros infinitos. Justamente mostraram uma reportagem (que comentei no artigo Complexidade do Concorde, Livro 10) onde dão a causa do fracasso dele como sendo, entre outras coisas, a complexidade dos painéis. E é um avião destinado a viajar a Mach dois ou pouco mais (cerca de 2,6 mil km/h = 0,7 km/s), não 1/3 da velocidade da luz, 100 mil km/s, ou mais, perto de 14 mil Mach. Sem falar no tal “fator de dobra”, ou “velocidade WARP”, ou o que seja. “Dobra um” deve ser uma potência de dois, tipo 21 = 2, 22 = 4 e assim por diante, de forma que por último na FC de Jornada nas Estrelas os motores já estão conseguindo “dobra sete”, talvez 27 = 128 vezes a velocidade da luz. Imagine só, uma piscadela e a nave já ultrapassou uma constelação, já bateu em um bilhão de cometas, meteoritos, planetas, etc.

                            Evidentemente é preciso uma capacidade de computação extraordinária, porque a dobra sete seria 128 x 300.000 km/s = 38,4 milhões de km/s (em três ou quatro segundos teria saído do Sol e chegado à Terra, 150 milhões de quilômetros, uma UA, unidade astronômica). Se não for mais, porque eles atravessam não apenas distâncias interestelares como até as intergalácticas. Olhou para o lado, conversou um pouco já estaria em Júpiter. O segundo sendo mais ou menos o tempo de uma batida de coração humano, seria preciso processar na base do pico ou do femtosegundo. Em resumo, o ser humano, com seu tempo de reação, não pode dirigir nada no espaço exterior.

                            Têm de ser computadores superápidos.

                            Então, quando penso em naves agora, vejo as mãos humanas (quando der para ser) operando luvas virtuais, com capacetes virtuais lendo os pensamentos, o corpo pendurado no espaço (porque sentar em cadeiras se há o conforto da gravidade “zero”; na realidade ela nunca é zero, mesmo, seria mais  v residual = 0 – ξ, zero menos épsilon), em salas totalmente desprovidas de quaisquer coisas que distraíssem a pessoa - e isso para velocidades menores e em naves que pudessem suportar choques (serão trilhões de microchoques por hora). Na realidade uma nave viajando no espaço seria mais uma escavadora de minérios que outra coisa, mesmo no espaço intergalático, que é mais rarefeito.

                            As pessoas não se deram ao trabalho de pensar nas viagens espaciais, muito menos os ficcionistas.
                            Vitória, domingo, 15 de dezembro de 2002.

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