A Casa dos Lordes
Ontem,
16.12.2002, eu estava trabalhando no Posto Fiscal da SEFA no Aeroporto de
Vitória, que chamo de Aeroposto, quando entrou um despachante de empresa aérea.
O colega agente fiscal falou com desfeita do futuro governo de Lula, o despachante
ficou brabo, e disse: “ah, tá, melhor seria se fosse a casa dos lordes”.
Então
eu compreendi que os ambientes todos (municípios/cidades, estados, nações e
mundo) e até as empresas são casas dos lordes, dos inimigos de classe dos
proletários. A gente já sabia há muito tempo, desde pensar e desde ler Marx e
outros, mas ali estava um claro anúncio popular da separação, que jaz no fundo,
oculta por reverências e salamaleques. E, é claro, o povo vai se decepcionar
(de novo), como já analisei alhures.
O
povo tem justa raiva de entrar sempre pela cozinha e pelo elevador de serviço,
enquanto as classes “altas” se banqueteiam no salão principal. E ruge lá dentro
uma angústia não só de separação, mas de diminuição, de redução, de
distanciamento e desprezo. Lá dentro queimam misérias acumuladas em centenas,
em milhares de anos. Quando abre uma pequena brecha a gente sabe que é aquela
vazão incontida. Bonita Casa dos Lordes, sempre prestes a ruir (porque o tempo
do povo é como o geológico, dado que a coisa só termina no fim).
Vitória, terça-feira, 17 de dezembro de
2002.
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