Universais
No
Dicionário Básico de Filosofia, 2ª. Edição, Rio de Janeiro, Jorge Zahar,
1993, p. 238, os autores Hilton Japiassu e Danilo Marcondes dizem dos
universais: “Universal é aquilo que se aplica à totalidade, que é válido em
qualquer tempo ou lugar. Essência, qualidade essencial existente em todos os
indivíduos de uma mesma espécie e definindo-os enquanto tais. Para Platão,
universal é a forma ou idéia. Segundo Aristóteles, ‘uma vez que há coisas
universais e coisas singulares (chamo universal aquilo cuja natureza é afirmada
de diversos sujeitos e singular aquilo que não o pode ser: por exemplo, homem é
um termo universal, Cálias, um termo individual) ’”.
No
Dicionário de Filosofia, Campinas, Papirus, 1993, os autores Gerard
Durozoi e André Roussel dizem dos universais na página 477: “Designa na
escolástica os termos universais da lógica, isto é, os gêneros e as espécies
definidas por Aristóteles. A Querela dos Universais opôs os adeptos do
nominalismo, como Occam, para quem os conceitos universais (o Homem) não
correspondiam a qualquer realidade, aos partidários do realismo, de tradição
platônica, que admitiam ao contrário que eles possuíam uma existência real (por
exemplo no espírito de Deus) a título de essências separadas e anteriores às coisas
que delas dependiam”.
Já
no seu livro História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990,
p. os autores Giovanni Reale e Dario Antiseri, dizem, em várias passagens que
marquei:
1)
“Em
muitas oportunidades e sem vacilações Ockham afirmou que o universal não é
real”.
2) “A realidade do universal, portanto, é
contraditória, devendo ser total e radicalmente excluída”.
3) “A realidade, portanto, é toda
singular”.
4) “(...) é lícito falar ainda de universal?
”
5) “Como sinais abreviatórios de coisas
semelhantes, tais conceitos são chamados universais, não representando,
portanto, nada mais que a reação do intelecto à presença de realidades
semelhantes”.
6) “Mas, se não existe uma natureza comum
nem se pode considerar real o universal, como fica então a ciência que, segundo
os aristotélicos e os agostinianos, não tem como objeto o singular, mas sim o universal?
”
Devemos ver
que o dicionário tem dois lados, os dos pares de opostos/complementares. Portanto,
tanto existe o singular quanto o universal, COMO CONCEITOS e COMO REAIS. Ou
seja, temos o singular, um sapato, e os singulares, os sapatos, que constituem
um universal. Temos os universais, o conjunto de todos os universais.
Aí devemos
colocar o dedo do modelo.
Vejamos as
três pirâmides. A micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas,
átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos, corpomente), a mesopirâmide
(indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações,
mundo), através da qual o mundo-planeta se percebe, e a macropirâmide (planetas,
sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados,
universos e pluriverso), onde se dará o espalhamento. Começando no campartícula
fundamental e indo até o pluriverso se dá a automontagem/montagem e a
metamontagem do metaprogramáquina.
Vendo ao
contrário, como máxima dispersão da percepção, vemos tudo convergir, dos
campartículas fundamentais ao pluriverso, em ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele,
Natureza real se trans-formando progressivamente em Deus virtual, a parte
consciente da equação de soma zero.
No vértice
da última pirâmide está aquilo que denominei Tela Final, de onde Deus tudo vê
em uníssono, um som só, um plano só. Acontece que na Rede Cognata universal =
UM = S0M = PI = PAI = PLANO = CHAVE = SOLUÇÃO = FINAL = ANEL = ANO = SOL =
UNIVERSAIS, etc. Portanto, ter um é ter todos. Só há um que pode chegar lá, a
ponto de ver a solução final.
Contra Ocan,
que prezo tanto, devo dizer que os universais e o Universal existem mesmo, pois
o próprio dicionário o diz.
Agora, o que
significam o singular = ÚNICO e o que significam os universais? Como a palavra
o diz, o singular é único, é solitário. Quando dizem cadeira não estão dizendo
os universais e sim a cadeira única, aquela cadeira a que nos referimos,
a cadeira da sala. Por outro lado, quando desejarmos dizer A Cadeira, o
universal das singulares cadeiras, uma que representa todas-aquelas-singulares,
deveríamos ter um símbolo diferente para mostrá-la, aquela Cadeira que Deus vê
na Tela Final. Pois os universais que os seres vêem não é o mesmo Universal-um
que Deus vê. Os universais são concepções crescentemente despojadas de sua
realidade, até O ponto em que eles estejam COMPLETAMENTE privados de realidade
ou manifestação.
Uma
abstração não existe?
Existe, sim,
como o suporte em que se dá a abstração. Quando digo “cadeira”, dentro de mim
há um particular dispositivo relativo à mentalização, que é a consagração num
circuito das eletricidades que firmam o conceito. Por aí podemos ver que o
abstrato é real também, e o real é abstrato também.
Desde quando
identifiquei o (a) galinhovo continua existindo a galinha, continua existindo o
ovo, mas daí para frente a pluriunicidade é um terceiro e delineador elemento
da compreensão. Falamos de concreto, de abstrato e de concretabstrato. Falamos
de singular, de universal e de singularuniversal. O ovo sem galinha não seria
futuro, quer dizer, o futuro não aconteceria; a galinha sem ovo não teria
emergido no passado. Porisso, desde o começo, o que foi lutando e sobrevivendo
na busca de aptidão foi o galinhovo, o presente.
Vitória,
domingo, 13 de outubro de 2002.
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