domingo, 1 de janeiro de 2017


Universais

 

                            No Dicionário Básico de Filosofia, 2ª. Edição, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1993, p. 238, os autores Hilton Japiassu e Danilo Marcondes dizem dos universais: “Universal é aquilo que se aplica à totalidade, que é válido em qualquer tempo ou lugar. Essência, qualidade essencial existente em todos os indivíduos de uma mesma espécie e definindo-os enquanto tais. Para Platão, universal é a forma ou idéia. Segundo Aristóteles, ‘uma vez que há coisas universais e coisas singulares (chamo universal aquilo cuja natureza é afirmada de diversos sujeitos e singular aquilo que não o pode ser: por exemplo, homem é um termo universal, Cálias, um termo individual) ’”.         

                            No Dicionário de Filosofia, Campinas, Papirus, 1993, os autores Gerard Durozoi e André Roussel dizem dos universais na página 477: “Designa na escolástica os termos universais da lógica, isto é, os gêneros e as espécies definidas por Aristóteles. A Querela dos Universais opôs os adeptos do nominalismo, como Occam, para quem os conceitos universais (o Homem) não correspondiam a qualquer realidade, aos partidários do realismo, de tradição platônica, que admitiam ao contrário que eles possuíam uma existência real (por exemplo no espírito de Deus) a título de essências separadas e anteriores às coisas que delas dependiam”.

                            Já no seu livro História da Filosofia, vol. I, São Paulo, Paulinas, 1990, p. os autores Giovanni Reale e Dario Antiseri, dizem, em várias passagens que marquei:

1)        “Em muitas oportunidades e sem vacilações Ockham afirmou que o universal não é real”.

2)       “A realidade do universal, portanto, é contraditória, devendo ser total e radicalmente excluída”.

3)       “A realidade, portanto, é toda singular”.

4)      “(...) é lícito falar ainda de universal? ”

5)       “Como sinais abreviatórios de coisas semelhantes, tais conceitos são chamados universais, não representando, portanto, nada mais que a reação do intelecto à presença de realidades semelhantes”.

6)      “Mas, se não existe uma natureza comum nem se pode considerar real o universal, como fica então a ciência que, segundo os aristotélicos e os agostinianos, não tem como objeto o singular, mas sim o universal? ”

Devemos ver que o dicionário tem dois lados, os dos pares de opostos/complementares. Portanto, tanto existe o singular quanto o universal, COMO CONCEITOS e COMO REAIS. Ou seja, temos o singular, um sapato, e os singulares, os sapatos, que constituem um universal. Temos os universais, o conjunto de todos os universais.

Aí devemos colocar o dedo do modelo.

Vejamos as três pirâmides. A micropirâmide (campartícula fundamental, subcampartículas, átomos, moléculas, replicadores, células, órgãos, corpomente), a mesopirâmide (indivíduos, famílias, grupos, empresas, municípios/cidades, estados, nações, mundo), através da qual o mundo-planeta se percebe, e a macropirâmide (planetas, sistemas estelares, constelações, galáxias, aglomerados, superaglomerados, universos e pluriverso), onde se dará o espalhamento. Começando no campartícula fundamental e indo até o pluriverso se dá a automontagem/montagem e a metamontagem do metaprogramáquina.

Vendo ao contrário, como máxima dispersão da percepção, vemos tudo convergir, dos campartículas fundamentais ao pluriverso, em ELI, Natureza/Deus, Ela/Ele, Natureza real se trans-formando progressivamente em Deus virtual, a parte consciente da equação de soma zero.

No vértice da última pirâmide está aquilo que denominei Tela Final, de onde Deus tudo vê em uníssono, um som só, um plano só. Acontece que na Rede Cognata universal = UM = S0M = PI = PAI = PLANO = CHAVE = SOLUÇÃO = FINAL = ANEL = ANO = SOL = UNIVERSAIS, etc. Portanto, ter um é ter todos. Só há um que pode chegar lá, a ponto de ver a solução final.

Contra Ocan, que prezo tanto, devo dizer que os universais e o Universal existem mesmo, pois o próprio dicionário o diz.

Agora, o que significam o singular = ÚNICO e o que significam os universais? Como a palavra o diz, o singular é único, é solitário. Quando dizem cadeira não estão dizendo os universais e sim a cadeira única, aquela cadeira a que nos referimos, a cadeira da sala. Por outro lado, quando desejarmos dizer A Cadeira, o universal das singulares cadeiras, uma que representa todas-aquelas-singulares, deveríamos ter um símbolo diferente para mostrá-la, aquela Cadeira que Deus vê na Tela Final. Pois os universais que os seres vêem não é o mesmo Universal-um que Deus vê. Os universais são concepções crescentemente despojadas de sua realidade, até O ponto em que eles estejam COMPLETAMENTE privados de realidade ou manifestação.

Uma abstração não existe?

Existe, sim, como o suporte em que se dá a abstração. Quando digo “cadeira”, dentro de mim há um particular dispositivo relativo à mentalização, que é a consagração num circuito das eletricidades que firmam o conceito. Por aí podemos ver que o abstrato é real também, e o real é abstrato também.

Desde quando identifiquei o (a) galinhovo continua existindo a galinha, continua existindo o ovo, mas daí para frente a pluriunicidade é um terceiro e delineador elemento da compreensão. Falamos de concreto, de abstrato e de concretabstrato. Falamos de singular, de universal e de singularuniversal. O ovo sem galinha não seria futuro, quer dizer, o futuro não aconteceria; a galinha sem ovo não teria emergido no passado. Porisso, desde o começo, o que foi lutando e sobrevivendo na busca de aptidão foi o galinhovo, o presente.

Vitória, domingo, 13 de outubro de 2002.

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